quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Imediatismo e parlamentarismo estudantil: elementos constitutivos das últimas gestões do DCE/UFC

Desde que os grupos hegemonizados pelo PSOL (antigo Amar e Mudar as Coisas/Toda Voz) assumiram o DCE da UFC no ano de 2009 em conjunto com PSTU, Consulta Popular e PCR, muita expectativa de luta foi criada, tendo em vista que as reivindicações dos estudantes de base eram muitas, pois estávamos em pleno período de aplicação do REUNI.

Entretanto, após sucessivas gestões realizadas por “frentes de esquerda” ligados ao PSOL e PSTU, as mobilizações sempre se encontraram desfalcadas porque de 2 em 2 anos esses mesmos grupos, que compuseram o DCE, sabotaram/paralisaram as lutas para realizar as campanhas eleitorais de seus respectivos partidos (tal fato foi muito notório nas Greves das Federais em 2012, em que vários estudantes simplesmente se retiraram das atividades de greve por conta das eleições para prefeito e vereador). Trata-se portanto de um “parlamentarismo estudantil”, que se caracteriza pela reprodução da política parlamentar no interior do ME. Ele possui uma ala governista (UNE, UBES) e outra paragovernista (Oposição de Esquerda da UNE, ANEL). Na questão de qual método de ação usar, o parlamentarismo estudantil opta pelos meios legalistas dos mecanismos antidemocráticos das Reitorias e das audiências públicas, que não possuem poder deliberativo, e do apoio a parlamentares e da disputa de mandatos (fazendo do ME palanque eleitoral), o que coloca os estudantes como espectadores à espera das ações dos parlamentares, ao invés da ação direta, que nos coloca como protagonistas dos acontecimentos. O parlamentarismo opta pelos espaços institucionais burgueses, ficando preso aos limites impostos pelo Estado. Devemos então optar pela ação direta estudantil, por meio das manifestações de rua, piquetes e ocupações, também atuando politicamente nos espaços de base dos estudantes, como os coletivos de curso, oposições, CAs, DAs, CEBs e congressos estudantis. 

Tais questões citadas acima ocorrem porque os elementos parlamentaristas e imediatistas são uma constante na estratégia de atuação dos coletivos estudantis ligados ao PSOL, como é o caso do atual Rompendo Amarras. Devemos entender esses elementos a partir da gênese política de tal partido. Esses coletivos surgem orientados nos marcos do reformismo de uma organização oriunda de um racha de cúpula do PT. Desse modo o PSOL, apesar de não compor organicamente o governo, reproduz bandeiras do governo petista nos movimentos sociais, por exemplo, indo a reboque das bandeiras governistas como os “10% do PIB para a Educação” e a participação nos organismos tripartites (que juntam governos, empresários e trabalhadores) como a CONAE. Caracteriza-se assim como um partido “paragovernista”. Da mesma forma os coletivos estudantis do PSOL acabam reproduzindo essa política semigovernista no interior do Movimento Estudantil.

Entre a esquerda e a direita: falsa polarização na atual eleição para DCE

A polarização entre “esquerda ou direita”, colocada na maioria das vezes de maneira simplista e oportunista, começou a apresentar muitos de seus limites a partir do ciclo que se inicia com a chegada do PT ao governo federal. Existem grupos identificados como esquerda que estão no governo, ou ainda outros que reproduzem as mesmas bandeiras dele, como é o caso do paragovernismo. A política do medo propagada pela Anel/Rompendo Amarras, mostra-se como um recurso discursivo que tenta criar apoio a sua chapa não pelo conteúdo de seu programa, mas pela necessidade de barrar a “direita” (que seriam os movimentos ligados ao PT/PCdoB principalmente). O critério pelo qual devemos analisar a Chapa 5 (Amanhã vai ser maior) é a avaliação de seus períodos nas gestões do DCE, e não simplesmente por conta de um suposto crescimento da “direita”. Quando resta apenas a política do medo, tendo como base o “crescimento da direita” enquanto arma para angariar apoiadores e votos, o que sobra é a demonstração de uma fragilidade programática e estratégica, que o paragovernismo não conseguiu superar.

Isso não quer dizer que não exista de fato setores desmobilizadores a mando do governo. A última gestão do DCE (UJS/UNE), que se elegeu no ano passado a partir de urnas fraudadas, prova tal fato.

A última gestão governista de nosso diretório central se manteve afastada das lutas estudantis e sociais nos últimos anos, só aparecendo ocasionalmente para disputar eleição. Isso não foge aos seus princípios, pois está de acordo com sua prática aparatista, ou seja, só querem o aparato do DCE, apesar de não terem construído luta alguma. Já estiveram na direção do DCE entre os anos 2006-2009, e posteriormente neste último ano, e durante todos esses períodos colaboraram de maneira subalterna com a Reitoria, na defesa de políticas precarizantes da educação do governo do PT. A Chapa 2 (Há quem cante diferente) representa o que há de mais atrasado no movimento estudantil brasileiro. Ela será incapaz de combater as políticas educacionais precarizadoras do governo Dilma e continuará a barrar as mobilizações estudantis, já que tem o rabo preso com o governo federal, recebendo milhões nesses últimos anos via Congresso da UNE (esta que é chamada de “Ministério da Juventude”).

Governismo x antigovernismo no Movimento Estudantil: a maneira mais coerente de travar a luta

Nós da RECC, através da OCC (Oposição Classista e Combativa ao DCE/UFC) já afirmamos o quanto, na atual conjuntura, o discurso “esquerda X direita” se demonstrou obsoleto. Isso se dá pelas condições especificas abertas pelos Governos Lula/Dilma que operaram uma transição pacífica dos movimentos sociais para a esfera governista (UNE, CUT e parte do MST). No ciclo atual, a real polarização se dá entre governistas e antigovernistas. Assim, devemos identificar quais são os movimentos de trabalhadores e estudantes que fazem uma política independente do governo e quais não fazem. Propomos a saída antigovernista, e portanto temos todo um caminho de desafios para construir as futuras conquistas estudantis. 

Criar uma alternativa de luta: construir a Oposição Classista e Combativa

O governismo se combate a todo momento, estando ele na direção ou não das entidades, independente das épocas de eleição. A pergunta é: conseguirão os membros da Chapa 5 (Amanhã vai ser maior) combater de maneira séria o governismo apenas por meio de uma direção do DCE? Ou se confundirão com essa “direita” que agora julgam necessário combater?

Para concluir, fazemos um chamado a todos os estudantes sinceros que não se sentem representados pelas duas chapas em disputa a discutir nosso programa e a construir um movimento estudantil pela base e combativo.

Construir o movimento estudantil antigovernista, classista e combativo! Construir a Oposição Classista e Combativa ao DCE/UFC!


Não vote, lute! Impulsionar assembleias intersetoriais entre estudantes, professores, servidores, terceirizados e comunidade para intervir na universidade!

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