sábado, 24 de maio de 2014

TRINCHEIRA ESTUDANTIL Nº 5 - QUEM TEM MEDO DO POVO? ORGANIZAR A JUVENTUDE FAVELADA DE FORTALEZA!



QUEM TEM MEDO DO POVO? ORGANIZAR A JUVENTUDE FAVELADA DE FORTALEZA!
Eu não vou, fazer do sofrimento mentira
Gozar o sucesso das rádios cantando pornografia
Meu rap não vai ser trilha sonora pros boy
Vai ser revolução pra quem não tem voz
Aqui os milhão não corrompe o objetivo é um só
Vê favelado assinando diploma e não B.O.
Quem é que vai cantar a dor que nóis sente?
Quem é que vai sangrar na linha de frente?
Quem é que vai somar fortalecer a corrente?
Se não for nóis por nóis quem é que vai ser pela gente?
Facção Central – Nós por Nós

A FAVELA NA LUTA
  No levante de Junho do ano passado novos atores entraram em cena. A juventude marginalizada foi protagonista de um processo que marcou o início de um novo ciclo de lutas no Brasil. O principal elemento é que esse setor, em boa parte de favela, como na batalha da serrinha, rompeu o cerco dos atos pacifistas do reformismo.
  Do ano passado para cá, esse ciclo permaneceu entre fluxos e refluxos e foi incorporado a luta de diversas categorias integradas, que se utilizando dos métodos combativos da juventude proletarizada, combateu a burguesia e as direções pelegas (foi sintomática a greve da Comperj que tocou fogo no carro de som do próprio sindicato traidor).
Esse novo ciclo combativa da luta de classes, deixou os reformistas (governistas e para-governistas) atônitos, que não dirigindo a luta popular que se iniciava recorreram ora a calunias (de que o movimento era de “direita”) ora a criminalização “chega de Black Blocs”.
   Nesse cenário de lutas por fora da esfera reformista, estruturas mais flexíveis coordenaram as lutas, em São Paulo o MPL, no Rio a FIP, em Goiás o Fórum contra o aumento de Passagem, e em Fortaleza não foi diferente, pois o espaço mais importante de mobilização dos estudantes relacionados a mobilidade urbana foi o Fórum Permanente Pelo Passe Livre/FPL.
  Fortaleza é a sétima cidade mais violenta do mundo, a segunda mais violenta do Brasil e a cidade mais violenta dentre as cidades-sedes da Copa do Mundo. É também a quinta cidade mais desigual do planeta. Nossa capital, segundo dados do IBGE, possui quase 400.000 pessoas vivendo em favelas. O crescimento exponencial da violência, das favelas e da densidade demográfica em Fortaleza é um fato ainda muito recente, e é preciso uma análise detida para compreender esses novos fenômenos, afim de que não caiamos em avaliações apressadas e preconceituosas.
  É a partir desse cenário de 1) Protagonismo da luta da juventude marginalizada em manifestações de rua no Brasil; 2) Consolidação de espaços flexíveis de lutas populares; 3) Miséria absoluta e cultura da violência generalizada, que devemos compreender a inserção de favelados nas fileiras de lutas estudantis, que muitas vezes lhe era estranha por ter um enfoque pequeno burguês, e suas contradições.
  Dentro desse processo contraditório, nós da RECC acreditamos ser impossível assegurar o Passe Livre estudantil sem a profunda inserção dos setores mais explorados e coagidos da sociedade: a juventude pobre/negra e semi-escolarizada das favelas dos grandes centros urbanos. Entretanto, é evidente, somos contra as práticas de roubos/furtos dentro de manifestações políticas, mas não podemos criminalizar a priori, e sim procurar compreender, e resolver, essas contradições através do trabalho de base e da formação política.
O QUE FAZER?!
  O protagonismo desse setor e esses novos elementos ainda são recentes, de tal modo que se por um lado estamos desbancando o modus operandi de manifestação burocrática-reformista, que não tem impacto nenhum na sociedade, por outro, ainda estamos construindo, com acertos e erros, uma nova cultura de mobilização de rua.
  Historicamente a esquerda tradicional desprezou a camada mais pauperizada do povo, denominando-a de lúpem e desconsiderando o seu potencial político. Na atual conjuntura de Fortaleza, como demonstramos, é impossível pensar uma grande mobilização sem a aglutinação desse setor.
  É preciso ir além da participação desse setor nos atos políticos, é preciso se organizar, estimular a politização das torcidas organizadas, a organização por bairro/região/favela. Somente trabalhando a solidariedade, união e organização dos setores explorados podemos juntos enfrentar o Capital/Estado.
  O Fórum Permanente Pelo Passe Livre/FPL é um espaço que a RECC, junto com outros setores, ajudou a formar há mais de um ano. Impulsionando Comitês pelo Passe Livre em escolas, cursos universitários públicos, particulares e em bairros. É preciso que organizemos Comitês nas favelas, torcidas organizadas e demais setores populares, essa é a única saída para enfrentarmos a despolitização e disseminar o sentido político das manifestações.
UM DCE LARANJA E AMARELO
  Entretanto vários problemas se apresentam no processo de organização das bases e consequentemente do trabalho de consciência e formação da juventude marginalizada das favelas.
  Há de se destacar que apesar do Fórum Permanente Pelo Passe Livre ser o organismo central de mobilização das lutas pelo Passe Livre em Fortaleza, apenas a a RECC e a pequena corrente trotskista do POR, em conjunto com valorosos estudantes independentes constroem o Fórum.
  Mas, nos dias dos atos aparecem várias entidades, em especial o DCE-UFC (Anel, Rua), e de laranja, ou amarelo, projetam-se como organizadoras do ato se colocando inclusive como direção dos mesmos, sem nenhum processo de mobilizações nas escolas e universidades.
  O oportunismo atrapalha aqueles que sistematicamente fazem o trabalho de base, principalmente nas escolas e secundariamente nas universidades, até porque, contraditoriamente, o reformismo do DCE-UFC, apesar de compor os atos do Fórum, constrói ao mesmo tempo uma campanha de difamação do mesmo ao invés de procurar disputar sua política internamente. Esse processo de boicote ativo mina nossa mobilização, incutindo que esse setor, possível aliado, converte-se, esporadicamente em um entrave na luta dos estudantes e na mobilização popular.
  Nós da Oposição Classista e Combativa ao DCE-UFC, compreendemos que é fundamental mobilizar os estudantes da nossa Universidade, construir mais comitês do Passe Livre, como na Pedagogia, realizar plenárias e assembleias para debatermos o problema do transporte público na UFC, o que não ocorre.
  Mas a construção dessa mobilização na UFC incita a construção de outros organismos de bases em outros campos, como a construção dos Comitês pelo Passe Livre nas favelas, impulsionando à auto-organização dos favelados. É com esse intuito que a OCC convoca a construção de uma plenária para discutir o Passe Livre na UFC.


SEM PASSE LIVRE, NÃO VAI TER COPA!
PASSE-LIVRE OU REBELIÃO!
IR AO COMBATE SEM TEMER OUSAR LUTAR OUSAR VENCER!
NÃO É NADA MAL, PARAR A COPA COM GREVE GERAL!

CONVIDAMOS TODOS OS ESTUDANTES À PLENÁRIA:
FORTALECER A LUTA PELO PASSE LIVRE NA UFC
30 DE MAIO ÀS 17H NO CH2 – PÁTIO DA HISTÓRIA