terça-feira, 23 de novembro de 2010

Romper com o sindicalismo de Estado, retomar a luta anti-governista de massas

Rede Estudantil Classista e Combativa – RECC Brasil

O ano de 2010 foi uma data chave no processo de reorganização do movimento sindical-popular brasileiro iniciado com a formação da Conlutas. O movimento de crítica e ruptura com o governismo da CUT a partir de Luiziânia em 2004, e que se firmou em 2006 durante o CONAT em Sumaré, passou por diversas etapas. Cabe aos estudantes comprometidos com a luta de classes fazer uma análise das linhas gerais desse processo e demarcarem sua posição.

Durante esse período de seis anos o campo anti-governista do sindicalismo brasileiro expôs suas próprias contradições e limites. O setor majoritário da Conlutas (o PSTU), seguido de seus satélites, operou sistematicamente um verdadeiro deslocamento das posições anti-governistas iniciais para posições abertamente semi-governistas. Contudo, a possibilidade de traição ou destruição da organização e do programa de massas da Conlutas já estava indicada desde sua fundação e encontrou sua trágica conclusão durante o último CONCLAT em Santos.

De Luiziânia (2004) à Santos (2010) o que vimos foi que a aplicação da linha de massas do setor majoritário carregava desde o início o germe da destruição do projeto de uma Central de Classe. O oportunismo irresponsável do PSTU acabou com as alternativas já minimamente gestadas de uma verdadeira oposição de massas ao governo de Frente Popular do PT. O que as "unidades de ação" com os governistas demonstravam em nível embrionário durante o processo de reoganização, o Congresso de unificação com a Intersindical e o CONCLAT explicitaram em nível terminal. A adoção progressiva de táticas para-governistas em clara contradição com a estratégia anti-governista, foi também o abandono progressivo do próprio anti-governismo como guia estratégico do movimento de massas, provocando uma política de desorganização no setor anti-governista que o fragilizou.

Os sindicatos e agrupamentos classistas conlutistas encontraram dentro da própria Central os inimigos que buscavam combater fora dela. O eleitoralismo, cupulismo e legalismo do setor majoritário foram as barreiras que encontram o minoritário setor classista e combativo da Central para a aplicação concreta do programa anti-governista.

Durante o CONCLAT ficou evidentemente exposto o oportunismo dos setores ligados ao PSTU e ao PSOL, assim como o confusionismo de seus satélites. A capitulação da Conlutas ao semi-governismo e sua auto-destruição encontram um marco organizativo na oficialização da atual CSP-Conlutas. Diante do atual quadro do movimento de massas brasileiro cabe uma ação concreta para a retomada da luta de massas anti-governista numa conjuntura de segunda fase do governo de Frente Popular.

Assim, as Plenárias de movimentos de oposição de base realizadas durante o CONCLAT, como alternativa ao processo de liquidação do programa e da estratégia anti-governista de massas, apontaram os primeiros passos para um sério e necessário reagrupamento dos sindicatos, oposições estudantis e populares para a luta. Ciente da importância estratégica que ocupa uma Central de Classe para a luta do proletariado, as Plenárias de base encaminharam encontros regionais pós-CONCLAT com o objetivo de encaminhar a luta para além do governismo da CUT e do para-governismo da CSP-Conlutas. Depois dos encontros regionais e de um encontro nacional em 16 e 17 de outubro foi deliberada a criação do Fórum Nacional de Oposições.

A Rede Estudantil Classista e Combativa participou, inclusive convocando a realização das Plenárias ainda em Santos, e continuou ativa nos encontros regionais e enviando delegados para a Plenária Nacional. Os posicionamentos aí tirados apontam para o correto caminho do questionamento das ligações dependentes que os movimentos de massa, estudantil, popular ou sindical, possuem com o Estado e mesmo com o eleitoralismo. Sua conseqüência é a burocratização e o completo distanciamento das bases de decidirem assim como de se enfrentarem contra os ataques partindo dos capitalistas. Romper com o modelo de organização sindical fragmentada e tutelada pelo Estado via Carta Sindical, assim como ligar nesta mesma organização estudantes e trabalhadores, este deverá ser o embrião para consolidar e ampliar a ação combativa e classista que permitirá nossa classe sair da defensiva que se encontra, para uma contra-ofensiva na reivindicação de seus direitos.

O Fórum coloca como tarefa central retomar as lutas da classe a partir dos locais de trabalho e a criação de oposições interprofissionais, rompendo a fragmentação da classe e unindo os trabalhadores a partir da base através da luta direta por melhores salários, menor jornada de trabalho e melhores condições de trabalho, estudo e moradia.

Nesse sentido, a RECC que sempre pautou sua luta pelo anti-governismo combativo saúda a criação do Fórum e adere a ele na pretensão de construção de uma Central de Classe para o proletariado brasileiro.


Avante os que lutam!

Nem um passo atrás contra o Estado, a burguesia e as burocracias sindicais!