Desde
que os grupos hegemonizados pelo PSOL (antigo Amar e Mudar as Coisas/Toda Voz)
assumiram o DCE da UFC no ano de 2009 em conjunto com PSTU, Consulta Popular e
PCR, muita expectativa de luta foi criada, tendo em vista que as reivindicações
dos estudantes de base eram muitas, pois estávamos em pleno período de
aplicação do REUNI.
Entretanto,
após sucessivas gestões realizadas por “frentes de esquerda” ligados ao PSOL e
PSTU, as mobilizações sempre se encontraram desfalcadas porque de 2 em 2 anos
esses mesmos grupos, que compuseram o DCE, sabotaram/paralisaram as lutas para
realizar as campanhas eleitorais de seus respectivos partidos (tal fato foi
muito notório nas Greves das Federais em 2012, em que vários estudantes
simplesmente se retiraram das atividades de greve por conta das eleições para
prefeito e vereador). Trata-se portanto de um “parlamentarismo estudantil”, que
se caracteriza pela reprodução da política parlamentar no interior do ME. Ele
possui uma ala governista (UNE, UBES) e outra paragovernista (Oposição de
Esquerda da UNE, ANEL). Na questão de qual método de ação usar, o
parlamentarismo estudantil opta pelos meios legalistas dos mecanismos
antidemocráticos das Reitorias e das audiências públicas, que não possuem poder
deliberativo, e do apoio a parlamentares e da disputa de mandatos (fazendo do
ME palanque eleitoral), o que coloca os estudantes como espectadores à espera
das ações dos parlamentares, ao invés da ação direta, que nos coloca como
protagonistas dos acontecimentos. O parlamentarismo opta pelos espaços
institucionais burgueses, ficando preso aos limites impostos pelo Estado.
Devemos então optar pela ação direta estudantil, por meio das manifestações de
rua, piquetes e ocupações, também atuando politicamente nos espaços de base dos
estudantes, como os coletivos de curso, oposições, CAs, DAs, CEBs e congressos
estudantis.
Tais
questões citadas acima ocorrem porque os elementos parlamentaristas e
imediatistas são uma constante na estratégia de atuação dos coletivos
estudantis ligados ao PSOL, como é o caso do atual Rompendo Amarras. Devemos
entender esses elementos a partir da gênese política de tal partido. Esses
coletivos surgem orientados nos marcos do reformismo de uma organização oriunda
de um racha de cúpula do PT. Desse modo o PSOL, apesar de não compor
organicamente o governo, reproduz bandeiras do governo petista nos movimentos
sociais, por exemplo, indo a reboque das bandeiras governistas como os “10% do
PIB para a Educação” e a participação nos organismos tripartites (que juntam
governos, empresários e trabalhadores) como a CONAE. Caracteriza-se assim como
um partido “paragovernista”. Da mesma forma os coletivos estudantis do PSOL
acabam reproduzindo essa política semigovernista no interior do Movimento
Estudantil.
Entre a
esquerda e a direita: falsa polarização na atual eleição para DCE
A
polarização entre “esquerda ou direita”, colocada na maioria das vezes de
maneira simplista e oportunista, começou a apresentar muitos de seus limites a
partir do ciclo que se inicia com a chegada do PT ao governo federal. Existem
grupos identificados como esquerda que estão no governo, ou ainda outros que
reproduzem as mesmas bandeiras dele, como é o caso do paragovernismo. A
política do medo propagada pela Anel/Rompendo Amarras, mostra-se como um
recurso discursivo que tenta criar apoio a sua chapa não pelo conteúdo de seu
programa, mas pela necessidade de barrar a “direita” (que seriam os movimentos
ligados ao PT/PCdoB principalmente). O critério pelo qual devemos analisar a
Chapa 5 (Amanhã vai ser maior) é a avaliação de seus períodos nas gestões do
DCE, e não simplesmente por conta de um suposto crescimento da “direita”.
Quando resta apenas a política do medo, tendo como base o “crescimento da
direita” enquanto arma para angariar apoiadores e votos, o que sobra é a
demonstração de uma fragilidade programática e estratégica, que o
paragovernismo não conseguiu superar.
Isso não
quer dizer que não exista de fato setores desmobilizadores a mando do governo.
A última gestão do DCE (UJS/UNE), que se elegeu no ano passado a partir de
urnas fraudadas, prova tal fato.
A última
gestão governista de nosso diretório central se manteve afastada das lutas
estudantis e sociais nos últimos anos, só aparecendo ocasionalmente para
disputar eleição. Isso não foge aos seus princípios, pois está de acordo com
sua prática aparatista, ou seja, só querem o aparato do DCE, apesar de não
terem construído luta alguma. Já estiveram na direção do DCE entre os anos
2006-2009, e posteriormente neste último ano, e durante todos esses períodos
colaboraram de maneira subalterna com a Reitoria, na defesa de políticas
precarizantes da educação do governo do PT. A Chapa 2 (Há quem cante diferente)
representa o que há de mais atrasado no movimento estudantil brasileiro. Ela
será incapaz de combater as políticas educacionais precarizadoras do governo
Dilma e continuará a barrar as mobilizações estudantis, já que tem o rabo preso
com o governo federal, recebendo milhões nesses últimos anos via Congresso da
UNE (esta que é chamada de “Ministério da Juventude”).
Governismo
x antigovernismo no Movimento Estudantil: a maneira mais coerente de travar a
luta
Nós da
RECC, através da OCC (Oposição Classista e Combativa ao DCE/UFC) já afirmamos o
quanto, na atual conjuntura, o discurso “esquerda X direita” se demonstrou
obsoleto. Isso se dá pelas condições especificas abertas pelos Governos
Lula/Dilma que operaram uma transição pacífica dos movimentos sociais para a
esfera governista (UNE, CUT e parte do MST). No ciclo atual, a real polarização
se dá entre governistas e antigovernistas. Assim, devemos identificar quais são
os movimentos de trabalhadores e estudantes que fazem uma política independente
do governo e quais não fazem. Propomos a saída antigovernista, e portanto temos
todo um caminho de desafios para construir as futuras conquistas
estudantis.
Criar
uma alternativa de luta: construir a Oposição Classista e Combativa
O
governismo se combate a todo momento, estando ele na direção ou não das
entidades, independente das épocas de eleição. A pergunta é: conseguirão os
membros da Chapa 5 (Amanhã vai ser maior) combater de maneira séria o
governismo apenas por meio de uma direção do DCE? Ou se confundirão com essa
“direita” que agora julgam necessário combater?
Para
concluir, fazemos um chamado a todos os estudantes sinceros que não se sentem
representados pelas duas chapas em disputa a discutir nosso programa e a
construir um movimento estudantil pela base e combativo.
Construir
o movimento estudantil antigovernista, classista e combativo! Construir a
Oposição Classista e Combativa ao DCE/UFC!
Não
vote, lute! Impulsionar assembleias intersetoriais entre estudantes,
professores, servidores, terceirizados e comunidade para intervir na
universidade!