quarta-feira, 28 de abril de 2010

1º de Maio da Classe Trabalhadora: Dia de Luta e Combate Contra a Exploração Capitalista!


O 1º de MAIO, histórico, representa a luta dos trabalhadores contra sua exploração pelos patrões. Esta data ficou marcada em decorrência de uma greve geral realizada em Chigaco, EUA, no ano de 1886. Tal greve possuía como principal reivindicação a redução da jornada de trabalho para 8h diárias. Em um processo de mobilização, com milhares de operários nas ruas, piquetes e comícios, a repressão policial logo ágil atacou centenas de trabalhadores, deixando um grande número de mortos, feridos e presos. Desde então, esta data é reivindicada pelo movimento dos trabalhadores de todo o mundo.

No entanto, ela vem perdendo seu caráter combativo. No Brasil, por exemplo, as centrais sindicais pelegas (como CUT, CGTB, CTB etc) realizam distribuição de brindes, de carros e, pasmem, até apartamentos, como será agora pela Força Sindical. Ou seja, há um abandono da perspectiva de reivindicação dos direitos históricos dos trabalhadores e da memória de suas lutas, para transformar esta data, já marcada pelo sangue daqueles sinceros lutadores, em um dia de festas e comemorações. O que temos para comemorar, companheiros? Por isso saudamos aqueles que se levantam, não somente neste dia, mas durante todo o ano, para enfrentar a burguesia e defender o futuro do proletariado.

A LUTA ATUAL DOS TRABALHADORES
No resto do mundo, trabalhadores gregos, italianos, espanhóis, bolivianos vem demonstrando que a ruptura com o imobilismo e com a legalidade não só é possível como também é a única via que garantirá vitórias. A Grécia tem sido um exemplo da capacidade de luta dos trabalhadores e dos estudantes, que estão indo para a rua, fazendo greves, enfrentando diretamente a burguesia, o Estado e seu aparelho policial repressivo.
A crise no Brasil, segundo nos diz as autoridades, não atingiu igual severidade - como se o estado normal das coisas não já beirasse uma calamidade inaceitável. Isso em nada justifica que o proletariado brasileiro não assuma, tal como o fez os trabalhadores de outros países, a diantera das mobilizações, o reavivamente da luta contra o imobilismo praticado atualmente pelas centrais sindicais pelegas, todas reféns do legalismo e da confiança nas instituições do Estado burguês.

PELO FIM DO VESTIBULAR: ACESSO LIVRE DOS TRABALHADORES AO ENSINO SUPERIOR!
A educação também sofre drásticos reflexos das contradições da sociedade de classes. Uma dessas contradições diz respeito a: que parcela da sociedade tem acesso ao ensino superior no Brasil? E, de forma mais específica: a quem serve este conhecimento produzido nas escolas e universidades?
Para colocar em números, apenas 14% dos jovens de 17 a 25 anos cursam, hoje, uma faculdade. Desta pequena parcela, cerca de 70% deles estão matriculados em universidades particulares!
Isto é dado pela limitação de vagas que existem nas universidades públicas, que trás de fundo não somente a falta de investimento em infra-estrutura e profissionais de ensino (apenas 4,7% do PIB é investido na educação!), mas principalmente uma concepção ideológica que insiste no afastamento das classes baixas das universidades e de sua instrução. Assim, o vestibular expressa a última instância dessa segregação: sistematiza o afunilamento elitista onde, na maior parte dos casos, quem tem acesso são estudantes que tiveram oportunidade e condição financeira para o estudo.
Para piorar, cada vez mais a ciência e os currículos vem se adequando aos interesses empresariais. Exemplos disso são cursos voltados exclusivamente para áreas de empreendedorismo e agronegócio; as Universidades e Faculdades Privadas que vendem a educação como se fosse uma mercadoria; as Fundações Privadas que se utilizam do espaço das Universidades Públicas e do dinheiro público para fins privados; os cursos pagos etc.
Acreditamos que é necessário acabar com o vestibular, melhorando toda estrutura das Universidades Públicas e do Ensino Básico, para oferecer condições de estudo a todos trabalhadores, sem exceção. É necessário que o conhecimento, as pesquisas, as tecnologias e o currículo dos cursos estejam voltados aos interesses da classe trabalhadora, dando suporte ao movimento sindical, às comunidades pobres, enfim, que possam ajudar a resolver os problemas reais e a luta que a nossa gente enfrenta dia a dia.

O PAPEL DAS FRAÇÕES DA CLASSE TRABALHADORA
A data de primeiro de maio deve ser importante não só como forma de lembrança das lutas passadas, dos erros e dos avanços dos trabalhadores pela sua emancipação, mas deve também ser um momento de agremiação de todas parcelas de trabalhadores que, no estágio atual do capitalismo, ultra-monopolista, estão submetidas à espoliação econômica do capital. Para isso, é preciso que se reflita sobre as mudanças que, ao longo dos últimos trinta anos, o mundo do trabalho vem sofrendo e as consequências que elas trazem para o reconhecimento das diversas frações dos trabalhadores enquanto pertencentes a uma mesma classe, enquanto portadoras de um mesmo destino. A diminuição do número de operários fabris e o aumento de empregos no chamado setor de serviços trouxeram consigo a idéia de que não há mais sentido em falar de classes sociais, que agora, na “era do conhecimento”, todos podem transitar facilmente de um ponto ao outro da estrutura social, que tudo é fluido. Esse charlatanismo ideológico vendido pelos promotores do neoliberalismo só pode ser aceito por aqueles que não vivenciam diariamente a realidade de ameaça constante de desemprego, de arrocho salarial, precarização das condições de trabalho, etc. Tudo isso aliado ao aumento dos lucros dos grandes capitalistas, cujos cortes de despesas, a terceirização do trabalho e a reestruturação produtiva levam à precarização das condições de vida material e psicológica dos trabalhadores. A crença de que não há mais luta de classes, só serve para maquiar a realidade, amordaçar a luta dos trabalhadores em proveito da grande burguesia internacional e sua domesticada burguesia nacional.
Nesse sentido, é imprescindível que haja plena união da classe trabalhadora, em todos os segmentos, através da compreensão de que as lutas que operários fabris travam têm a mesma origem do trabalhador precarizado na empresa de serviços; que o camponês pobre serve ao mesmo sistema responsável pela exclusão de uma parcela significativa dos filhos do povo do sistema educacional. É preciso que a solidariedade proletária seja estendia a todas as frações da classe trabalhadora, todos submetidos ao mesmo mecanismo de exploração e que, por isso, somente conquistaremos nossos direitos históricos dando respostas coletivas aos ataques que, a primeira vista, parecem ser apenas individuais ou setoriais.
REORGANIZAÇÃO SINDICAL E POPULAR: CONSTRUIR UMA CENTRAL DE CLASSE!
O capitalismo ultra-monopolista, caracterizada pelo neoliberalismo e pelo toyotismo, modificou certas relações na estrutura de classe no mundo, determinando, por conseqüência, as formas de organização entre os trabalhadores. Podemos ver, por exemplo, que aumentaram as formas de colaboração entre trabalhadores e patrões nas empresas. Nascem, a cada dia, sindicatos mais específicos que dividem categorias mesmo quando estas estão colocadas em uma área comum de trabalho. Os terceirizados, grande fração de classe brasileira, mal possuem direito de organização sindical e por vezes são perseguidos politicamente. O que podemos ver, então, foi o aumento da cooptação das organizações dos trabalhadores ao Estado e à burguesia.
A CUT caminhou exatamente neste sentido. Seu corporativismo e burocratização, aliadas à estratégia eleitoreira de conquistar o Estado (via PT), marcam esta trajetória de degeneração. É preciso, então, combater as bases do modelo de sindicalismo social-reformista e atrelado ao Estado, construindo em oposição uma organização com concepção estratégica e tática classista e combativa.
Esta concepção é a da Central de Classe. Ou seja, uma entidade que agremie em seu interior trabalhadores formais e informais urbanos; o movimento camponês e de trabalhadores rurais; o movimento estudantil; o movimento negro e indígena, os movimentos de gênero e contra a homofobia. Com esta aliança orgânica, acreditamos ser possível acabar com a segregação imposta pela burguesia entre os segmentos de classe e orientar o Movimento Estudantil, por exemplo, com um programa realmente classista. Na conjuntura atual do capitalismo, a construção de uma Central de Classe é a única capaz de dar respostas coletivas às necessidades do conjunto dos trabalhadores.
POR UM 1º DE MAIO DE LUTA DOS TRABALHADORES!
OPOR ESTUDO E TRABALHO AO CAPITAL!
CONSTRUIR UMA CENTRAL DE CLASSE QUE ORGANIZE PROLETÁRIOS URBANOS, TRABALHADORES INFORMAIS, CAMPONESES E ESTUDANTES!
Rede Estudantil Classista e Combativa - RECC

domingo, 11 de abril de 2010

Semana Nacional Classista e Combativa


A Rede Estudantil Classista e Combativa convida estudantes emilitantes para o vídeo-debate: Balanço das lutas estudantis emFortaleza e as tarefas para este período.
Exibição de vídeo da ocupação da Reitoria pelos secundaristas em 2007 na luta pela isenção da taxa de vestibular.
Data: 09/04 (sexta-feira)Local: sala 16 (FACED-UFC)Horário: 17:00hs

Ato contra Novo ENEM mobiliza secundaristas e universitários no Ceará



No dia 26 de Fevereiro em Fortaleza, cerca de 200 estudantes universitários (UECE e UFC) e secundaristas de cursos pré-vestibulares e escolas públicas, organizados no Comitê de luta contra o Novo Enem e pelo Livre Acesso, ocuparam o CONSUNI (Conselho Universitário) da UFC, impedindo a votação que aprovaria o Novo Enem como forma única de acesso a universidade.

Entretanto o reitor, de forma autoritária e antidemocrática, aprovou o novo Enem via Ad Referendum, um mecanismo previsto na estrutura da universidade onde ele pode aprovar projetos apenas com sua assinatura. Se os conselhos universitários já são espaços burocratizados, pois a representação estudantil é mínima e impotente nesses, aceitar o mecanismo do Ad Referendum é legitimar que o REItor decida todos os caminhos da universidade sozinho.

A RECC teve um papel fundamental na construção e impulsionamento desse comitê, participando ativamente de suas comissões e de mobilizações em debates na UECE, UFC escolas e cursinhos, hasteando sempre as bandeiras da ação direta e do protagonismo estudantil. Desde ano passado já construímos debates sobre o Novo Enem.

Já os para-governistas do DCE-UFC (Psol/PSTU) defenderam inicialmente a bandeira recuada de “por mais debates”, alterando de opinião somente após pressão da base estudantil, ainda que de forma oportunista. Ainda assim, a maior parte do DCE fez claramente “corpo mole” nos processos de mobilização, reocupando-se mais em aparecer na mídia burguesa em detrimento dos debates na base estudantil. E mesmo afirmando o CONSUNI como espaços burocratizados, continuam a legitimá-lo.

Por sua vez, a mafiosa corja governista da UNE (PT/PDT/PCdoB), articulou um golpe que aprovou o ENEM em CEB (Conselho de Entidades de Base). Isso só ocorreu porque tiveram a ajuda da debilidade organizativa do DCE-UFC, cedendo à pressão do governismo que remarcou um CEB no horário da plenária do Comitê contra o novo ENEM, em uma clara tentativa de boicotar nossa atividade.

Depois do AD Referendum a luta contra o novo Enem e pelo Livre Acesso ganhou novas proporções, sendo incorporado a bandeira de democracia universitária, que passa necessariamente pela destruição dos CONSUNI, e pela defesa do voto universal em todas as instâncias. O comitê juntamente com a RECC segue na luta, novas manifestações já foram marcadas e novas lutas poderão vim!

Só a luta dialoga!

As recentes discussões no ME vêm revelando o incômodo de algumas correntes e coletivos em geral em relação ao tipo de discurso combativo usado por determinados agrupamentos estudantis. Pensamos que as críticas aos discursos combativos vão além de um simples desconforto com um certo estilo de escrita ou de fala. É antes disso uma crítica as práticas classistas e combativas no ME, as suas bandeiras, tarefas e objetivos.

Quem nunca escutou que o ME deve reclamar menos e propor mais; que devemos ser menos negativos e mais positivos; que não devemos "ser do contra", mas a favor das coisas; que não devemos gritar, mas “cantar”. Tudo isso, afirmam seus defensores, é com a intenção de dialogar com os estudantes, pois o discurso de combate já cansou. Essa atitude concebe as bandeiras e palavras de ordem pela simpatia que elas possam gerar nos estudantes e não por seu real conteúdo político. É a “simpatia” que acaba por determinar quais bandeiras são viáveis e quais não são, ficando a concepção de luta refém desse fetiche compulsório pela simpatia, o simpatismo.

Não imaginamos reclamações que não partam de propostas, por mínimas que sejam. Acreditamos que o que mais dialoga com o estudante é a luta. Quantos de nós não entraram no ME pela primeira vez num momento de luta? Quantos estudantes não foram ganhos para ME devido a alguma luta num determinado período? Companheiros, é a luta que dialoga e que cria o militante estudantil e não bandeiras “simpáticas” e atitudes complacentes. Se na defesa de nossas propostas somos enérgicos e combativamente intransigentes é porque a realidade da injusta sociedade de classes exige isso dos sinceros estudantes comprometidos não só com suas demandas, mas também com a causa do povo.

Entendemos que o abandono do discurso combativo deriva antes de tudo do abandono das práticas classistas e combativas no ME. Do abandono da concepção de um movimento estudantil que reconhece seu caráter proletário e se compromete não só com as demandas específicas dos estudantes, mas também com as lutas e sonhos dos trabalhadores e de todos os oprimidos.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

A permanência da crítica ou Coleguismo, doença infantil do ME


Qualquer militante sabe que a crítica política faz parte da luta prática, sendo um momento importante desta. E que toda boa crítica aponta para algum lugar, possui propostas. A permanência da crítica é então necessária para a permanência da luta. Seja essa crítica a que fazemos a nossos inimigos, seja a que fazemos a nós mesmos (autocrítica), seja a que fazemos aos demais companheiros de outras tendências políticas. Contudo, esta última vem sendo mal compreendida por alguns setores do ME.

Alguns companheiros têm reagido de maneira quase histérica às críticas políticas. Isso é preocupante, pois demonstra certa incapacidade de lidar com opiniões diferentes e revela um certo infantilismo, até por companheiros já experientes no ME. Esses companheiros tendem a levar a crítica política para o lado pessoal e na maioria das vezes as rebatem não com outra crítica política, mas com uma auto-defesa sentimentalista e personalista, que desvia o foco da crítica para os indivíduos de um grupo, ao invés de entendê-la como uma crítica as propostas, bandeiras e métodos usados pelo grupo.

A má compreensão da crítica é geralmente seguida de um apelo a que não façam mais essas “coisas”, que “isso é feio”, pois acabaria impossibilitando uma unidade nas lutas. O que essa atitude acaba criando é na verdade um ambiente de “coleguismo” a-crítico e despolitizado, que nada favorece a uma real unidade nas lutas. Unidade esta que deve ser construída a partir de bandeiras e programas e não por mera simpatia.

A esta incapacidade de lidar com maturidade com a necessária crítica política e de negar sua importância, damos o nome de coleguismo. O coleguismo nasce da pequena política (politicagem) e se constitui quase que numa troca de favores, que segue o seguinte raciocínio: você não me critica e eu não critico você. As conseqüências dessa atitude são danosas para o ME, criando um ambiente amorfo, carente de debate político e desprovido de senso crítico. É por isso que o coleguismo além de infantil é uma doença.

Entender as críticas e rebatê-las no nível político é a única maneira de combater essa doença infantil do ME. Pois num movimento onde as críticas são sempre má recebidas e se prefere viver sem elas, estão comprometidos os alicerces de uma verdadeira democracia de base e conseqüentemente o ME fica desprovido do exercício da crítica, tão fundamental para encaminhar luta.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Diante de um DCE incapaz de armar os estudantes para as lutas, construir a Oposição Classista e Combativa ao DCE-UFC


No dia 03 de outubro foi anunciado o fim do processo eleitoral para o DCE da UFC com a vitória da Chapa 1 (PSOL/PSTU/Consulta Popular/Independentes) com um total de 3.370 votos, acabando assim com a hegemonia dos governistas da Chapa 2 (PDT/PT/PC do B/independentes) , com 3.016, na direção do aparato há quase 3 anos. A Chapa 3 (UJR/independentes) conseguiu 330 votos e se limitou a usar o processo eleitoral do DCE para fazer campanha para o C.A de pedagogia onde têm inserção.

Com o resultado das eleições altera-se o quadro das forças políticas no ME da UFC, com uma parte da dita esquerda agora ocupando a situação. Cabe então analisar esse novo equilíbrio político que se estabelece com a chegada da Chapa 1 ao DCE e seus possíveis desdobramentos.

Para isso é preciso a) enxergar para além do discurso triunfalista da “vitória da esquerda” nas eleições. b) É preciso também ter clareza se a nova composição do DCE pode oferecer uma linha política capaz de orientar os estudantes no combate a privatização e precarização crescentes do ensino público em nossa universidade. É imprescindível então uma análise objetiva da nova composição do DCE que c) rompa com o “coleguismo” tão alardeado por alguns setores do ME que não toleram a necessária crítica política.

Isso exige também uma breve caracterização da ofensiva governista à educação pública nos últimos anos e do comportamento político exercido pelas principais entidades estudantis nacionais frente a ofensiva governista-neoliberal.

1. Diante da ofensiva governista-neoliberal contra a educação pública a UNE se alia aos inimigos dos estudantes

Na UFC hoje, assim como nas demais universidades públicas brasileiras, percebemos um aprofundamento das diretrizes da política neoliberal na educação, expresso nos planos de precarização e privatização, como o REUNI, que aumenta o numero de vagas sem dar o devido aumento de verbas, e as Fundações Privadas, que permite a entrada de capital privado na universidade publica, e na crescente superexploração dos professores e funcionários, em sua maioria terceirizados.

As medidas neoliberais na educação iniciadas na década de 1990 no governo Collor, que encontraram um forte desenvolvimento no governo FHC/PSDB, são agora aprofundadas no governo populista de Lula/PT e também potencializadas pela cooptação das entidades estudantis, como a UNE e a UBES, à esfera dos interesses governistas e anti-estudantis.

Essas entidades que dizem representar os interesses dos estudantes são hoje um mero instrumento à serviço do governo e do capital dentro das universidades e escolas, garantindo a implementação das reformas privatizantes e sucateadoras na educação pública, através de sua estratégia de desmobilização permanente do estudantado em troca de cargos no ministério da educação e de milhões em repasses que recebem do governo.

2. O que não avança, retrocede: a incapacidade política do para-governismo de encaminhar a luta

Mas as entidades pelegas e suas direções não são as únicas a facilitarem que os interesses neoliberais do governo e da acumulação capitalista sejam garantidos através do ensino público.

Muitas vezes os grupos políticos da esquerda reformista facilitam a implementação das diretrizes governistas na educação, através de suas linhas políticas de atuação dentro dos aparatos burocráticos e autoritários da universidade, o que caracteriza uma linha de intervenção para-governista. É preciso deixar claro que nestes aparatos o estudante é sempre uma minoria em desvantagem, ficando a reboque das decisões dos caciques da burocracia universitária.

Sabemos como vêm ocorrendo de maneira nacional as gestões de DCEs com composição orgânica entre PSOL e PSTU. Os DCEs, que deveriam reforçar as lutas diretas dos estudantes nos seus interesses diários contra a precarização e sucateamento das universidades públicas, têm se tornado na verdade úteis instrumentos de campanha eleitoral para a Frente de Esquerda (PSOL/PCB/PSTU) , que ao contrário de educar os estudantes para a luta, acaba por iludi-los à farsa da democracia burguesa representativa, transformando os DCEs em meros espaços de ação do parlamentarismo estudantil.

Apesar da Chapa 1 apontar para uma crítica ao REUNI e as privatizações dentro da universidade, a) ela não consegue romper de fato com os instrumentos que facilitam a efetivação destas mesmas reformas sucateadoras, como a degenerada UNE e os burocráticos Conselhos Universitários. Ao não romper com esses instrumentos a Chapa 1 b) dificultará o avanço das lutas. Pois c) ao encarar esses espaços burocráticos como espaços de disputa política (sic), acabam legitimando- os e fazendo o jogo que o governo quer que os estudantes joguem. Um jogo dentro dos limites autoritários dos Conselhos Universitários, fomentando a disputa legalista dentro dos aparatos burocráticos da universidade.

Isso revela as debilidades políticas da nova direção do DCE e sua confusão em identificar qual é de fato a estratégia principal de luta dos estudantes, que é a ação direta e também de onde se faz a verdadeira política estudantil, que é nas ruas.

O processo de escolha para reitor hoje também reflete a inviabilidade prática de uma estratégia estudantil nos marcos da via legalista e burocrática. A escolha de reitor é completamente artificial, cabendo de fato aos governos escolherem seus representantes. Assim os reitores são escolhidos pelo governo federal para aplicarem suas reformas neoliberais através de conselhos burocráticos como o CONSUNI e o CEPE, onde os estudantes são sempre a minoria em desvantagem. Os chefes de departamento, que na maioria dos casos são escolhidos pela reitoria, garantem a aplicação da política governista-neoliber al nestes conselhos.

3. A Frente Contra o Aumento da Passagem mostrou na prática os limites e equívocos da política para-governista

Um dos carros-chefes da campanha da Chapa 1 foi a propaganda da sua participação na Frente Contra o Aumento da Passagem e Limitação da Meia no 1º semestre de 2009 em Fortaleza. De um ponto de vista materialista a prática é o critério da verdade, então é preciso a) caracterizar como se deu a atuação dos grupos políticos que hoje integram a direção do DCE no período de lutas da Frente para b) visualizarmos as possíveis linhas políticas por onde se moverá sua atuação.

De fato um setor da chapa contribuiu para a Frente, apesar de um amplo setor dessa mesma chapa preferir fazer campanha para a ADUFC, ao invés de construir a Frente em um decisivo momento das lutas estudantis em Fortaleza. E destes que contribuíram para a Frente, em sua maioria, levantaram uma política recuada e burocrática, onde a estratégia da ação direta dos estudantes era trocada pela disputa nos marcos da justiça burguesa, como nas audiências públicas, atos de frente única com os governistas da CUT ,e na defesa da “exigência e denúncia”, onde o objetivo final que se almejava era sempre uma mera negociação de gabinete, através de bandeiras rebaixadas, com a prefeita Luizianne Lins/PT.

O pior é que essas táticas de “luta” recuadas foram defendidas quando o movimento ainda estava em ascensão, quando houve a criação de ativos comitês de base capazes de desenvolver a luta e garantir acumulação de forças a partir de cada escola, quando a Frente apresentava então potencialidade para a efetivação de uma linha de luta combativa e direta dos estudantes para além das tímidas “exigências e denúncias”.

Que pese os problemas conjunturais enfrentados pela Frente em seu período de existência, a adoção de práticas para-governistas por grupos como PSTU e PSOL (hoje na direção do DCE) não contribuiu para a consolidação da Frente enquanto instrumento de luta e organização. Pois a) fez recuar os métodos de luta direta da juventude indignada com o aumento da passagem e limitação da meia. b) Restando assim uma Frente esvaziada, incapaz de encaminhar a luta, despossuída de qualquer linha política combativa, que c) se deteve em seus últimos dias em defender o planejamento de um seminário para discutir o transporte público com vistas a criação de um projeto para ser levado a câmara municipal de Fortaleza (mandato “popular” (sic) de João Alfredo/PSOL).

Os limites dessa prática burocrática e ilusória são os limites do próprio para-governismo, incapaz de consolidar uma política de massas (estudantil/ proletária/ popular) para além da via legalista imposta pelo Estado e sua justiça burguesa. Ficam assim o para-governismo, e os setores da classe trabalhadora hegemonizados por essa política, reféns do jogo de cartas marcadas da burguesia. Pois no espaço político burguês (justiça, parlamento, câmaras) se joga com as regras ditadas pela classe dominante sempre em detrimento dos interesses do proletariado.

É mais claro do que nunca que devemos superar as práticas do parlamentarismo estudantil no ME. O que debilitou a Frente foi a adoção progressiva de uma linha política para-governista. Que os resultados políticos da Frente nos sirvam de lição para enxergarmos no que deságua, na prática, a adoção dessa política.

4. Construir a Oposição Classista e Combativa para armar os estudantes nas lutas do dia-a-dia no embate ao governismo e o neoliberalismo

É diante deste lastimável quadro, onde a nova direção do DCE demonstra sua debilidade política em oferecer meios efetivos para armar os estudantes para a luta do dia-a-dia contra o governismo e suas diretrizes neoliberais, que a RECC convoca a todos os estudantes proletários da UFC comprometidos com uma política classista e combativa, que se opõe aos planos privatizantes e sucateadores dos governistas e da reitoria e não legitimam seus instrumentos (UNE e CONSUNI), a vir a construir uma Oposição pela esquerda classista e combativa ao DCE UFC, onde a ação direta seja a estratégia principal de luta na busca de nossas conquistas.

Somente a luta direta e organizada dos estudantes pode torná-los sujeitos ativos dentro do Movimento Estudantil, desenvolvendo seu protagonismo de luta e sua autodeterminaçã o política para além dos limites impostos pela dinâmica pelega do da luta legalista e dos espaços burocráticos de decisão da Universidade.

VOTO UNIVERSAL EM TODAS AS INSTÂNCIAS! PELA DISSOUÇÃO DOS CONSELHOS UNIVERSITÁRIOS!

DERROTAR AS REFORMAS NEOLIBERAIS DE LULA/HADDAD/ PT!

NEM ENEM, NEM VESTIBULAR, LIVRE ACESSO JÁ!

DERROTAR O GOVERNISMO E O PARA-GOVERNISMO NO MOVIMENTO ESTUDANTIL!

NENHUMA ILUSÂO NA PELEGA UNE E NA OPORTUNISTA ANEL!

CONSOLIDAR A REDE ESTUDANTIL CLASSISTA E COMBATIVA!

PELA CONSTRUÇÃO DA UNIVERSIDADE POPULAR!