sexta-feira, 9 de abril de 2010

A permanência da crítica ou Coleguismo, doença infantil do ME


Qualquer militante sabe que a crítica política faz parte da luta prática, sendo um momento importante desta. E que toda boa crítica aponta para algum lugar, possui propostas. A permanência da crítica é então necessária para a permanência da luta. Seja essa crítica a que fazemos a nossos inimigos, seja a que fazemos a nós mesmos (autocrítica), seja a que fazemos aos demais companheiros de outras tendências políticas. Contudo, esta última vem sendo mal compreendida por alguns setores do ME.

Alguns companheiros têm reagido de maneira quase histérica às críticas políticas. Isso é preocupante, pois demonstra certa incapacidade de lidar com opiniões diferentes e revela um certo infantilismo, até por companheiros já experientes no ME. Esses companheiros tendem a levar a crítica política para o lado pessoal e na maioria das vezes as rebatem não com outra crítica política, mas com uma auto-defesa sentimentalista e personalista, que desvia o foco da crítica para os indivíduos de um grupo, ao invés de entendê-la como uma crítica as propostas, bandeiras e métodos usados pelo grupo.

A má compreensão da crítica é geralmente seguida de um apelo a que não façam mais essas “coisas”, que “isso é feio”, pois acabaria impossibilitando uma unidade nas lutas. O que essa atitude acaba criando é na verdade um ambiente de “coleguismo” a-crítico e despolitizado, que nada favorece a uma real unidade nas lutas. Unidade esta que deve ser construída a partir de bandeiras e programas e não por mera simpatia.

A esta incapacidade de lidar com maturidade com a necessária crítica política e de negar sua importância, damos o nome de coleguismo. O coleguismo nasce da pequena política (politicagem) e se constitui quase que numa troca de favores, que segue o seguinte raciocínio: você não me critica e eu não critico você. As conseqüências dessa atitude são danosas para o ME, criando um ambiente amorfo, carente de debate político e desprovido de senso crítico. É por isso que o coleguismo além de infantil é uma doença.

Entender as críticas e rebatê-las no nível político é a única maneira de combater essa doença infantil do ME. Pois num movimento onde as críticas são sempre má recebidas e se prefere viver sem elas, estão comprometidos os alicerces de uma verdadeira democracia de base e conseqüentemente o ME fica desprovido do exercício da crítica, tão fundamental para encaminhar luta.

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