domingo, 11 de abril de 2010

Só a luta dialoga!

As recentes discussões no ME vêm revelando o incômodo de algumas correntes e coletivos em geral em relação ao tipo de discurso combativo usado por determinados agrupamentos estudantis. Pensamos que as críticas aos discursos combativos vão além de um simples desconforto com um certo estilo de escrita ou de fala. É antes disso uma crítica as práticas classistas e combativas no ME, as suas bandeiras, tarefas e objetivos.

Quem nunca escutou que o ME deve reclamar menos e propor mais; que devemos ser menos negativos e mais positivos; que não devemos "ser do contra", mas a favor das coisas; que não devemos gritar, mas “cantar”. Tudo isso, afirmam seus defensores, é com a intenção de dialogar com os estudantes, pois o discurso de combate já cansou. Essa atitude concebe as bandeiras e palavras de ordem pela simpatia que elas possam gerar nos estudantes e não por seu real conteúdo político. É a “simpatia” que acaba por determinar quais bandeiras são viáveis e quais não são, ficando a concepção de luta refém desse fetiche compulsório pela simpatia, o simpatismo.

Não imaginamos reclamações que não partam de propostas, por mínimas que sejam. Acreditamos que o que mais dialoga com o estudante é a luta. Quantos de nós não entraram no ME pela primeira vez num momento de luta? Quantos estudantes não foram ganhos para ME devido a alguma luta num determinado período? Companheiros, é a luta que dialoga e que cria o militante estudantil e não bandeiras “simpáticas” e atitudes complacentes. Se na defesa de nossas propostas somos enérgicos e combativamente intransigentes é porque a realidade da injusta sociedade de classes exige isso dos sinceros estudantes comprometidos não só com suas demandas, mas também com a causa do povo.

Entendemos que o abandono do discurso combativo deriva antes de tudo do abandono das práticas classistas e combativas no ME. Do abandono da concepção de um movimento estudantil que reconhece seu caráter proletário e se compromete não só com as demandas específicas dos estudantes, mas também com as lutas e sonhos dos trabalhadores e de todos os oprimidos.

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