sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Pela solidariedade de classe em defesa do professor Marcléo
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Romper com o sindicalismo de Estado, retomar a luta anti-governista de massas
Rede Estudantil Classista e Combativa – RECC Brasil
O ano de 2010 foi uma data chave no processo de reorganização do movimento sindical-popular brasileiro iniciado com a formação da Conlutas. O movimento de crítica e ruptura com o governismo da CUT a partir de Luiziânia em 2004, e que se firmou em 2006 durante o CONAT em Sumaré, passou por diversas etapas. Cabe aos estudantes comprometidos com a luta de classes fazer uma análise das linhas gerais desse processo e demarcarem sua posição.
Durante esse período de seis anos o campo anti-governista do sindicalismo brasileiro expôs suas próprias contradições e limites. O setor majoritário da Conlutas (o PSTU), seguido de seus satélites, operou sistematicamente um verdadeiro deslocamento das posições anti-governistas iniciais para posições abertamente semi-governistas. Contudo, a possibilidade de traição ou destruição da organização e do programa de massas da Conlutas já estava indicada desde sua fundação e encontrou sua trágica conclusão durante o último CONCLAT em Santos.
De Luiziânia (2004) à Santos (2010) o que vimos foi que a aplicação da linha de massas do setor majoritário carregava desde o início o germe da destruição do projeto de uma Central de Classe. O oportunismo irresponsável do PSTU acabou com as alternativas já minimamente gestadas de uma verdadeira oposição de massas ao governo de Frente Popular do PT. O que as "unidades de ação" com os governistas demonstravam em nível embrionário durante o processo de reoganização, o Congresso de unificação com a Intersindical e o CONCLAT explicitaram em nível terminal. A adoção progressiva de táticas para-governistas em clara contradição com a estratégia anti-governista, foi também o abandono progressivo do próprio anti-governismo como guia estratégico do movimento de massas, provocando uma política de desorganização no setor anti-governista que o fragilizou.
Os sindicatos e agrupamentos classistas conlutistas encontraram dentro da própria Central os inimigos que buscavam combater fora dela. O eleitoralismo, cupulismo e legalismo do setor majoritário foram as barreiras que encontram o minoritário setor classista e combativo da Central para a aplicação concreta do programa anti-governista.
Durante o CONCLAT ficou evidentemente exposto o oportunismo dos setores ligados ao PSTU e ao PSOL, assim como o confusionismo de seus satélites. A capitulação da Conlutas ao semi-governismo e sua auto-destruição encontram um marco organizativo na oficialização da atual CSP-Conlutas. Diante do atual quadro do movimento de massas brasileiro cabe uma ação concreta para a retomada da luta de massas anti-governista numa conjuntura de segunda fase do governo de Frente Popular.
Assim, as Plenárias de movimentos de oposição de base realizadas durante o CONCLAT, como alternativa ao processo de liquidação do programa e da estratégia anti-governista de massas, apontaram os primeiros passos para um sério e necessário reagrupamento dos sindicatos, oposições estudantis e populares para a luta. Ciente da importância estratégica que ocupa uma Central de Classe para a luta do proletariado, as Plenárias de base encaminharam encontros regionais pós-CONCLAT com o objetivo de encaminhar a luta para além do governismo da CUT e do para-governismo da CSP-Conlutas. Depois dos encontros regionais e de um encontro nacional em 16 e 17 de outubro foi deliberada a criação do Fórum Nacional de Oposições.
A Rede Estudantil Classista e Combativa participou, inclusive convocando a realização das Plenárias ainda em Santos, e continuou ativa nos encontros regionais e enviando delegados para a Plenária Nacional. Os posicionamentos aí tirados apontam para o correto caminho do questionamento das ligações dependentes que os movimentos de massa, estudantil, popular ou sindical, possuem com o Estado e mesmo com o eleitoralismo. Sua conseqüência é a burocratização e o completo distanciamento das bases de decidirem assim como de se enfrentarem contra os ataques partindo dos capitalistas. Romper com o modelo de organização sindical fragmentada e tutelada pelo Estado via Carta Sindical, assim como ligar nesta mesma organização estudantes e trabalhadores, este deverá ser o embrião para consolidar e ampliar a ação combativa e classista que permitirá nossa classe sair da defensiva que se encontra, para uma contra-ofensiva na reivindicação de seus direitos.
O Fórum coloca como tarefa central retomar as lutas da classe a partir dos locais de trabalho e a criação de oposições interprofissionais, rompendo a fragmentação da classe e unindo os trabalhadores a partir da base através da luta direta por melhores salários, menor jornada de trabalho e melhores condições de trabalho, estudo e moradia.
Nesse sentido, a RECC que sempre pautou sua luta pelo anti-governismo combativo saúda a criação do Fórum e adere a ele na pretensão de construção de uma Central de Classe para o proletariado brasileiro.
Avante os que lutam!
Nem um passo atrás contra o Estado, a burguesia e as burocracias sindicais!
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Boletim de Mobilização da Federação SUD Estudantes (França)
Boletim de Mobilização da Federação SUD Estudantes - Solidários (Federação de Sindicatos de Estudantes)
As assembleias gerais acontecem em muitas das universidades: elas exigem a retirada do projeto de lei, votam a greve, de acordo com os piquetes e as ocupações dos locais, como em Caen, Lille 3, Montpellier, Rennes 2, Pau, Poitiers, Paris 1, Paris 4, Paris 8-Saint- Denis, Paris-10-Nanterre, Paris 13-Villetaneuse. Os estudantes se mobilizam ainda nas UT, les IRTS, les IUFM, les Beaux-Arts de Rennes, les IEP de Lyon, Rennes et Paris, et les ENS de Lyon et Paris.
A greve interprofissional e os bloqueios econômicos.
Portanto, os estudantes se jogam em manifestações com os secundaristas massivamente mobilizados. As ações comuns de bloqueio econômico são organizados com assalariados em greve permanente, como a Tours, Rennes, Lorient e na Île-de-France : bloqueio da vias de comunicação (rodovias, estações e portos), bloqueio de zonas industriais, fechamento de centros comerciais, de depositos petroliferos, de garagens de ônibus, ação de pedágios gratuitos... Esta convergÊncia das lutas e das ligações que são assim fontes que a mobilização não falhará com as férias escolares. Estudantes e secundaristas continuarão a lutar massivamente ao lado dos ferroviários, dos rodoviários, dos trabalhadores das refinarias.
Se organizar contra a repressão policial e administrativa
Face a esta mobilização, a repressão policial e o fechamento administrativo das universidades, que se sustentam sobre a retorica anti-p2, demonstra o medo do governo face a uma greve ampliada. Contra esta criminalização do movimento social, são organizadas as manifestações contra a violência policial, os fundos de solidariedade e as comissões de luta contra a repressão.
Coordenar Democraticamente a Luta
Uma coordenação nacional estudantil será realizada em Mans nos dia 23 e 24 de outubro (sábado e domingo); A coordenação das lutas deve continuar e se organizar de maneira democrática, pra que a condução da greve siga as vontades de todos aqueles que se mobilizaram.
Faculdades mobilizadas;
Aix : a barragens a partir de 25.
Bordeaux II : Barragens.
Bordeaux III : 1200 pessoas em AG.
Caen : 600estudante em AG, greves com piquete nas semanas anteriores.
Chambéry : Manifestação de estudantes e secundaristas com 600 pessoas no dia 21.
Lorient : Manifestação de estudantes e secundaristas com 1200 pessoas no dia 21.
Lille III : Greve com piquete na semana passada
Lyon II : greve com piquete, fechamento administrativo da presidência
Montpellier II : 1000 estudantes em AG, grève com piquetes
Montpellier III : 1000 estudantes em AG, grève com piquetes votados, fechamento administrativo da presidência
Nancy : 600 pessoas em AG
Paris 1 : 1000 pessoas em AG, greve com piquete para o dia 26
Paris 3 : 300 pessoas emAG, votaram pela greve
Paris 4 : 200 pessoas em AG, greve com piquete nos dias de manifestação
Paris 7 : 200 pessoas em AG
Paris 8-Saint-Denis : 300 pessoas em AG, grève com piquetes votado para os dias de manifestação
Paris 10-Nanterre : Grève com piquetes.
Paris 13-Villetaneuse : 300 pessoas em AG, grève com piquetes para a segunda, 25.
Pau : Grève com piquetes
Perpignan : 300 pessoas en AG.
Poitiers : 700 estudantes em AG. Grève com piquetes
Rennes 1 : 300 estudantes em AG
Rennes 2 : vários milhares de estudante em AG, greve com piquete e ocupação da universidade.
Reims : 300 estudantes em AG
Strasbourg : Manifestação de estudante e secundaristas de 500 pessoas dia 21 e22/10
Tours : 400 pessoas AG.
Nota de solidariedade à luta dos estudantes argentinos
"O segredo da vitória é o povo."
Marighella
“Contra a intolerância dos ricos, a intransigência dos pobres. Não se deixar esmagar, não se deixar cooptar. Lutar Sempre!”
Florestan Fernandes
O auge das mobilizações ocorreu no ultimo dia 16 de Setembro, quando ocorreu uma grande mobilização em homenagem aos desaparecidos na "Noite do Lápis", nome da operação militar que ocorreu a exatos 34 anos durante o periodo da ditadura Civil-Militar Argentina. Essa operação torturou e matou 6 estudantes secundaristas, deixando outros tantos feridos, que lutavam em defesa do Passe-Livre estudantil.Estima-se que a manifestação do ultimo dia 16 contou com cerca de 40 mil manifestantes entre estudantes e trabalhadores, na aliança operária-estudantil, nas ruas de Buenas Aires. Lutando em defesa da Educação Publica contra o Governo Kirshiner e prefeito Macri.
Nós, estudantes secundaristas e universitários brasileiros, pertencentes a coletivos de curso, oposições de base e grêmios agrupados nacionalmente na Rede Estudantil Classista e Combativa (RECC), nos solidarizamos com a luta da juventude argentina na defesa de seus direitos. Nesse momento na Argentina está se mostrando na luta de classes a vitalidade política e a potência popular das organizações de base, da aliança operária-estudantil nas assembléias unitárias com os trabalhadores da Kraft-Terrabusi, Roca, Paraná Metal e Felfort, e o poder de fogo da ação direta. Na velocidade que está se dando a luta e o acúmulo de forças que se desenha não tardará para surgirem dos setores pelegos saídas burocráticas e conciliadoras. Enviamos desde o Brasil nossas saudações classistas aos estudantes argentinos na torcida para que não capitulem aos meios legalistas e corporativos que tanto retrocedem a luta. A vitória dos estudantes da Argentina será uma vitória de todos os estudantes latinoamericanos. A melhor maneira de se solidarizar com a juventude portenha nesse momento é levar para as bases do movimento estudantil brasileiro o exemplo de organização e luta dos camaradas argentinos. Desde já dizemos, nenhum passo atrás, AVANTE!
Brasil, 27 de setembro de 2010.
Rede Estudantil Classista e Combativa - RECC
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
A Análise de Conjuntura como Instrumento*
Premissas da análise de conjuntura
Segundo temos exposto e discutido, a análise de conjuntura repousa sobre as seguintes premissas:
I
a) a realidade histórico-social é complexa, mas pode ser conhecida;
b) a complexidade da realidade histórico-social inclui seu caráter conflitivo;
c) a conflitividade do histórico-social supõe mudança e desenvolvimento;
d) o conhecimento do histórico-social é necessário para seu desenvolvimento e mudança e;
e) a inserção política do conhecimento, o torna uma força material.
II
a) o caráter conflitual, contraditório, do histórico-social se concentra na luta de classes;
b) para toda sociedade de classes, o espaço político, instancia de realização do conflito antagônico de classes, é um espaço de luta e conflito;
c) a luta e conflito políticos devem ser entendidos sob a forma de pontos de contato (integração, aliança, combate) ou articulação de forças sociais na cena política em relação a estrutura política;
d) a organização capitalista da vida, por não permitir a realização-apropriação do ser humano (enquanto torna impossível uma existência humana), exige sua transformação e a materialização de um projeto alternativo de existência, e
e) a análise de conjuntura se insere como um instrumento teórico e prático deste projeto alternativo que é basicamente um projeto popular, nacional, socialista e democrático da vida.
Objeto da análise de conjuntura
O objeto específico da analise de conjuntura são as correlações de forças sociais, tais como elas se expressam na instância ou nível político de uma formação econômico-social.
Por forças sociais se entende aqui a expressão das classes sociais no nível político. O estudo e conhecimento das expressões da luta de classes nos níveis econômico-social e cultural são condições da análise de conjuntura, mas não constituem seu objeto específico.
Para entender e conhecer seu objeto, a análise de conjuntura se situa na perspectiva do materialismo histórico e particularmente utiliza suas categorias de modo de produção, formação econômico-social, estrutura do capitalismo dependente, situação social e conjuntura social, Estado como ditadura de classe, formas de dominação e forças sociais.
Para se constituir efetivamente como um instrumento de inserção política e contribuir para o desenvolvimento do movimento popular em seu processo de libertação, a análise de conjuntura supõe o manejo pormenorizado da história específica (econômico-social, política e cultural) da formação social cuja instância política é objeto da análise. Neste campo, o materialismo é um princípio de conhecimento (um princípio de ordem e sentido), mas não desloca nem substitui o quadro vivo que configura a história especifica de cada sociedade.
Objetivos da análise de conjuntura
Os objetivos gerais da análise de conjuntura são:
a) determinar a situação atual das forças sociais no campo da política;
b) determinar, a partir do estudo da situação atual, as tendências de desenvolvimento das forças que constituem o campo da política;
c) mostrar as distintas alternativas que podem oferecer as tendências em seu desenvolvimento e
d) definir tarefas políticas específicas no interior das determinações conjunturais.
Os objetivos específicos da análise são:
a) determinar o caráter da situação política que vive a formação social e datar seu início apoiando-se em acontecimentos significativos;
b) caracterizar o conflito e o problema fundamental que define a cena política num momento determinado;
c) colocar em relação esse problema fundamental com a estrutura política e com a confrontação atual das diversas forças políticas;
d) caracterizar o ator ou atores principais do problema fundamental, o cenário ou cenários em que se expressam, suas formas de articulação atuais e suas possibilidades de desenvolvimento;
e) caracterizar a relação entre os atores principais do problema fundamental em termos de domínio (força potencial e real, disposição ofensiva ou defensiva, controle, etc.) e suas alternativas de desenvolvimento (como o setor mais forte consolida ou acrescenta ou vê diminuído seu poder, como o setor mais fraco diminui sua precariedade relativa ou se enfraquece mais ainda, etc.)
f) determinar e caracterizar as possibilidades de alianças políticas dos atores principais e seus efeitos possíveis sobre o quadro geral e o desenvolvimento de suas tendências;
g) determinar exaustivamente a situação política dos diversos setores sociais que configuram o povo em referência ao projeto estratégico revolucionário e
h) determinar níveis de ação política: nacional, regional, local, orgânicos, seus meios de realização, suas metas e sua articulação com o desenvolvimento político fundamental.
Finalidade da análise de conjuntura
A análise de conjuntura se propõe a contribuir, como instrumento de conhecimento e de direção, à configuração do povo como força social alternativa dentro do sistema capitalista dependente, isso quer dizer, a sua conformação como força política que busca desde seus próprios valores a transformação do estado atual de vida e a materialização histórica de uma sociedade digna para todos os seres humanos.
Para alcançar este propósito, a análise de conjuntura deve atingir em sua forma e conteúdo, a categoria de um ativador, organizador e mobilizador material dos diversos setores do povo.
Por isso a análise de conjuntura toma forma de um diagnóstico responsável, elaborado e discutido por equipes de trabalho, fundado em um projeto nacional de libertação popular e, consequentemente, a de um indicador de vias de ação e de tarefas possíveis e necessárias para este projeto.
Para constituir-se como um efetivo instrumento de ação política, a análise de conjuntura evita sistematicamente, em sua produção e em sua forma e conteúdo, o subjetivismo, a unilateralidade e a superficialidade. Em sua apresentação, e como instrumento de educação popular, o informe de análise de conjuntura evita o dogmatismo, a manipulação, a solenidade oca e a criptografia.
Por dogmatismo se entende a apresentação da realidade histórica mediante fórmulas não explicadas ou insuficientemente explicadas. A manipulação consiste na orquestração de informação com o propósito de criar efeitos comunicativos que não procedem rigorosamente do material objetivo. A solenidade oca substitui um estilo rigoroso e direto por palavrório inflado e rebuscado, alusivo e metafórico, que busca disfarçar a ignorância ou imperícia com a pompa. A criptografia consiste em velar a comunicação por trás de uma linguagem que se pretende técnica e científica, mas que resulta própria dos iniciados.
Ao contrário, em sua elaboração e apresentação, a análise de conjuntura cultiva a discussão responsável, informada, objetiva, multilateral, rigorosa e criativa. Sua apresentação final deve contribuir sempre para a educação e integração política dos setores do povo.
Bases humanas da análise de conjuntura
Base material da análise de conjuntura
As necessidade materiais básicas da análise de conjuntura respondem aos requerimentos que permitem alcançar suas objetivos mínimos:
a) Uma biblioteca básica, organizada em seções de teoria e história:
1. Teoria: textos fundamentais do materialismo histórico; análise da organização capitalista da produção; análise do capitalismo dependente; estudos específicos sobre a economia, a política e a cultura sob o domínio da organização capitalista da vida;
2. História: estudos sobre a história do país (se possível a partir da perspectiva da luta de classes); estudos sobre a economia, política e cultura do país; estudos sobre o movimento operário do país; sobre o movimento camponês, sobre o movimento comunitário, organizações de mulheres e de jovens; sobre a organização e luta dos trabalhadores da América Latina; sobre experiências revolucionárias latino-americanas; sobre a participação de cristãos em processos revolucionários; sobre as ações do imperialismo na América Latina.
b) Uma seção de arquivos e pastas:
1. Um arquivo de informações da imprensa diária, com material identificado, classificado e organizado em seções e períodos: economia (janeiro 1 – janeiro 15); sociedade (janeiro 1 – janeiro 15); política (igual); cultura (igual).
Segundo a capacidade de trabalho, se fazem possíveis subseções: classes dominantes/ setores dominados; nacional/internacional; aparato administrativo do Estado/ aparato repressivo do Estado, etc.
2. Um arquivo de imprensa periódica não diária (semanários, revistas) e panfletos, com material identificado, classificado e organizado (se necessário, resumido).
3. Um arquivo de tabelas e estatísticas básicas (economia, política, movimentos sociais, etc.).
4. Um arquivo de documentos políticos atuais, lançados por partidos, governos, organismos internacionais, classificados tematicamente, e se necessário, resumidos.
O material de arquivo, organizado sem pausa, deve ser periodicamente analisado. Dando origem assim a informes parciais, de síntese, que mostram já traços analíticos (periodicidade: a cada 15 dias, cada mês).
Ele possibilita:
5) Uma pasta de informes parciais, cuja discussão regular, fundamenta a análise de conjuntura; podem estar organizados por cenários ou atores políticos; também por projetos estratégicos.
6) Um arquivo de análise de conjuntura, que recolhe os informes emanados de análises e que cobre funções de consulta, educação e auto-avaliação.
Reiterada observação óbvia: o trabalho de uma oficina de conjuntura – recolhimento, organização discussão, elaboração de materiais – é permanente.
* Gallardo, Helio. Fundamentos de Formacion Politica – Análisis de Coyuntura (2º edição). Colección Universitaria. Costa Rica: Departamento Ecuménico de Investigaciones, 1990. Pags 95-99.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Tese da Oposição Classista e Combativa ao DCE-UFC ao Congresso dos Estudantes da UFC
1. Nada escapa da luta de classes, nem a universidade nem o movimento estudantil
“Como vemos, as condições econômico-sociais do estudante universitário somente se tornam um problema porque a sociedade é um sistema de classes, isto é, uma sociedade em que os homens se apropriam diferencialmente do produto do trabalho social. (...) Em suma, excluídas a burguesia, cujos filhos podem frequentar estabelecimentos privados, e uma parte da classe média, cujos os membros não podem matricular-se senão nas escolas públicas, porque gratuitas, ficam fora da escola os jovens de grande parte da classe média e de todo o proletariado, que não possuem as condições mínimas para cursar sequer a escola pública.” Octavio Ianni, 1963
A tese da Oposição Classista e Combativa ao DCE-UFC aqui apresentada é produto da militância classista no movimento estudantil e tem como objetivo fomentar o debate acerca dos problemas da universidade, analisando concretamente suas mazelas, bem como propondo alternativas concretas de modificação do seu atual quadro, que passa necessariamente pelo fomento das lutas reivindicativas dos estudantes, técnicos e professores da Universidade. Entendemos que o ME deve ser produto da luta de classes no local de estudo e como fração da classe trabalhadora, ligar estrategicamente sua luta com a dos demais setores da classe.
A Universidade não é um espaço neutro na sociedade capitalista. Inserida no contexto histórico de uma sociedade de classes, ela também representa interesses de classe. Sua estrutura burocrático-autoritária é voltada para as demandas econômicas, políticas e ideológicas da burguesia e de sua dominação de classe. O papel de seus gestores (como a Reitoria) é manter o aparato burocrático a serviço do capital. Nesse sentido, a concepção da educação como mercadoria é o resultado da materialidade da dominação burguesa sobre a Universidade.
Os consecutivos governos liberais, de matizes política conservadora ou social-democrata, dão continui-dade a essa linha político-ideológica de subordinação da Educação aos interesses do capital (e de sua liquida-ção enquanto coisa “pública”). Os governos de turno não são capazes de romper com essa política de subordinação, pois são eles mesmos os gestores dessa subordinação e os agentes dessa liquidação, que se manifesta nas mais variadas conjunturas, através de reformas, leis, decretos e medidas provisórias. Assim, a Educação de hoje tende a ser cada vez mais uma educação para o capital, que visa o desenvolvimento da acumulação de capital através do aprimoramento da exploração da força de trabalho. Entendendo que a UFC não está situada em uma ilha separada de toda a sociedade, ao contrário, ela faz parte da sociedade e possui uma função social, que se modifica a cada gestão de governo. Faremos então aqui uma análise materialista da realidade, tentaremos apreender resumidamente nesta tese a relação entre a totalidade da sociedade capitalista com a realidade dos cursos da UFC, bem como seu movimento contrário.
2. A atual fase do capitalismo e o modelo de super-exploração ultra-monopolista: neoliberalismo e toyotismo
Podemos dizer que o capitalismo contemporâneo é fruto da evolução e transformação do capitalismo monopolista de Estado . O Estado seria o grande engenheiro social responsável por viabilizar e tutelar a acu-mulação de capital.
Nesse campo, a burguesia internacional percebeu que era preciso, para desenvolver o capitalismo, mudar sua estratégia, era preciso fazer concessões à classe trabalhadora e integrar materialmente os trabalhadores aos interesses da burguesia. O Estado criou as negociações coletivas para regular a oferta de trabalho e a massa salarial, de modo a diminuir as crises de superprodução. Criou também os sistemas previdenciários e formas de salários indiretos (benefícios educacionais, de saúde, incorporados sob a forma dinheiro ou não).
3. A Era Lula/PT: transição pacífica dos movimentos sociais para a esfera do governo
“Contra a intolerância dos ricos, a intransigência dos pobres. Não se deixar esmagar, não se deixar cooptar. Lutar Sempre!” Florestan Fernandes
No Governo Lula/PT ocorrerá uma transição pacífica dos movimentos sociais para a esfera governista (CUT, UNE, MST). Várias das lideranças e das entidades hegemônicas do movimento sindical-popular são cooptadas para a gerência petista do Estado brasileiro.
4. Governo Cid/PSB: tratando as questões sociais como caso de polícia
“No passado remoto e presente, a norma era: o escravo é o inimigo público da ordem; nos tempos modernos a norma tornou-se: o colono, o camponês e o operário são o inimigo público da ordem.” Florestan Fernandes, 1981
No plano político, podemos dizer que integrantes de uma mesma oligarquia (oriunda do Centro Industrial do Ceará – CIC) vêm se alternando no controle do Governo do Estado desde o fim do regime militar. Tasso Jereissati (PSDB) foi eleito em 1986, Ciro Gomes (PSDB) em 1990, Tasso Jereissati novamente em 1994 e 1998, Lúcio Alcântara (PSDB) em 2002 e Cid Gomes (PSB, irmão de Ciro Gomes e apoiado por Tasso Jereissati) em 2006.
5. Governo Luiziane/PT: a realidade da luta de classes e a farsa da Fortaleza Bela
A prefeitura municipal é comandada pela petista Luizianne Lins, eleita em 2004 e reeleita em 2008. Luizianne (assim como Lula, mas diferentemente de Cid) veio da militância dos movimentos sociais. Logo, consegue cooptar parte significativa dos sindicatos e organizações populares e de classe para o seu governo, entre outras formas, pelo orçamento participativo. Assim, os governos federal, estadual e municipal seguem uma mesma orientação política e apesar de se intitularem dos "trabalhadores", exploraram e oprimiram ainda mais o proletariado que depositou confiança neles mais do que em seus antecessores. Logo, a luta de classes em Fortaleza assume uma característica peculiar: o alinhamento claro dos Governos Municipal, Estadual e Federal. Isto, somado à cooptação de parte significativa dos movimentos sociais para a política governista, gerou desdobramentos funestos na vida dos trabalhadores, com ataques coordenados vindo das três esferas administrativas.
6. Campanha Não vote! Lute!
Os cenários nacional, estadual e municipal servem de indicativo para as eleições que se avizinham, pois já está provado que PT/PCdoB e PSDB possuem o mesmo programa político para o Brasil, configurando-se ambos como a esquerda e a direita do capital. E nem mesmo os programas nacionais-desenvolvimentistas do PCB e das correntes externas do PT (PSOL, PSTU, PCO) poderão modificar algo, pois as eleições são uma ilusão promovida pelo Estado burguês, onde muda a gerência da exploração, mas esta permanece enquanto elemento inerente ao capitalismo. Somente a luta pelo socialismo e as melhorias imediatas econômicas nos trarão verdadeiras vitórias, as eleições só deseducam o povo, fazendo acreditar que esse espaço burguês está em disputa e que se podem alcançar melhorias através deste artifício.
7. Os limites da oposição para-governista: a Anel e seu parlamentarismo estudantil
Diante do quadro de cooptação de grande parte dos movimentos sociais para a esfera do governo e da degenerescência pelega crônica da UNE se faz necessário analisar também as propostas que se colocaram como alternativa a ela, como a finada Conlute e a recém criada ANEL - Assembléia Nacional de Estudantes Livre, que surge como resultado do recuo na linha do PSTU de rompimento com a UNE e com governismo.
8. Diante do governismo da CUT/UNE e da liquidação da Conlutas: Construir um movimento nacional de oposição sindical, popular e estudantil
Paralelamente ao CNE foi convocada uma Plenária dos Estudantes Classistas e Combativos. A idéia desta plenária era articular através de entidades e oposições de base, como CA’s e grêmios, um movimento estudantil combativo que realmente polarizasse com o governo, sempre ressaltando os métodos de ação direta em detrimento da via burocrática e legalista. Buscando a articulação das lutas em âmbito nacional pela base, fazendo as críticas aos setores carreiristas que utilizam os organismos de base dos estudantes como palanque eleitoral.
9. Bandeiras de luta
“A primeira questão que hoje temos de considerar é esta: a emancipação das massas operárias poderá ser completa enquanto receberem instrução inferior à dos burguesses (...) que por nascença têm os privilégios de uma educação superior e mais completa? Colocar esta questão não é começar a resolvê-la?” Mikhail Bakunin, Instrução Integral, 1869
a) Reuni: precarizando o trabalho e o ensino superior
b) Fundações Privadas
c) Novo ENEM: instrumento de intensificação da exclusão
d) Ensino Médio Inovador: precarizar o ensino e criar mão de obra barata para a burguesia
e) Barrar a regulamentação das profissões
f) Pelo Passe-livre/Livre Acesso
g) Lutar pelo Voto Universal é lutar por democracia na universidade
Plenária Regional de Base dos Trabalhadores e da Juventude
Convidamos todos os lutadores para a Plenária Regional de Base dos Trabalhadores e da Juventude a ser realizada em Fortaleza. Outras Plenárias estão sendo realizadas mensalmente como parte do Fórum de Oposição pela Base no Centro-oeste e Sudeste.
O Fórum se constituiu a partir das plenárias organizadas no CONCLAT em Santos (Junho de 2010) para discutir e encaminhar possiveis atuações unitárias dos setores classistas e combativos do movimento sindical, popular e estudantil.
O Fórum tem como objetivo organizar a luta dos trabalhadores pela base e por isso se constitui com militantes, ativistas e movimentos por local de trabalho, estudo e moradia. Constituindo-se como uma alternativa de luta real para o conjunto da classe trabalhadora.
Data: 21 de agosto (Sábado)
Hora: 9:00 às 13:00
Local: Auditório (antigo) da Faculdade de Educação (FACED) UFC
Pautas: Análise de conjuntura, debate aberto, Plenária Nacional (7 de setembro), finanças, encaminhamentos
Organização:Movimento de Oposição Bancária (Ceará), Oposição Forte e de Luta no Judiciário Federal (Ceará), Oposição Classista e Combativa ao DCE-UFC, Oposição de luta ao SINDIUTE (Ceará), Oposição Camponesa no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Madalena (Ceará), Oposição de Luta ao SINTEMA (Maranhão), Rede Estudantil Classista e Combativa, Tendência Revolucionária Sindical, Liga Bolchevique Internacionalista.
http://oposicaopelabase.blogspot.com/
sábado, 31 de julho de 2010
Reunião do Fórum de Oposição pela Base
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Construir um ENEPE classista e combativo
A Reforma Universitária de Lula/PT, a precarização do Ensino Público e o curso de Pedagogia
Nos últimos anos, a reforma universitária vem se ampliando progressivamente, danificando e pondo em risco uma educação pública de qualidade, e com a entrada do ministro Haddad a precarização intensificou-se nos diversos níveis de ensino.
Podemos constatar os efeitos perversos do projeto privatizante dos petistas para a educação, por exemplo, no intensivo aumento de faculdades privadas, que representam hoje mais de 75% das matrículas feitas no ensino superior (INEP 2008). Vemos as conseqüências nitidamente em nosso curso, onde se abrem diversos cursos de baixa qualidade, com menos de 3 anos em instituições sem estruturas. O plano de governo que consta todos esses ataques à educação é o famigerado PDE (Plano de Desenvolvimento Educacional), o “PAC” da educação, que em seu primeiro momento lançou o REUNI, PROUNI e ENADE, e agora nos ataca com o elitista Novo Enem, e o projeto que visa transformar o ensino médio em algo tecnicista e voltado para os interesses do capital, o Ensino Médio “Inovador” (EMI).
Pertencentemente a esse processo de precarização crescente, vemos o aumento de cursos de pedagogia a distância. É necessário deixar claro que a utilização de novas tecnologias é salutar para o processo de ensino e aprendizagem. Mas a questão a se colocar é como o governo se utiliza desses projetos. No caso da UAB (Universidade Aberta do Brasil) fica claro que o governo Lula/PT utilizar-se de novas tecnologias apenas para baratear os custos da educação.
Um curso universitário é composto por um tripé, ensino, pesquisa e extensão, e a maioria desses cursos, de rede privada ou semi-presencial, que vem se proliferando nos últimos anos, não compõem este tripé, descaracterizando os cursos universitários, transformando os cursos em verdadeiros “escolões”. E infelizmente, apesar da sua relevância social, o curso campeão em universidades pagas e cursos a distância é o curso de pedagogia.
Regulamentação da profissão de pedagogo
Estamos passando agora também por um processo de regulamentação da profissão do pedagogo, que já está tramitando na câmara federal sem nenhum debate nas bases da comunidade acadêmica. A regulamentação em outros cursos causou diversos problemas, como a criação de conselhos fiscais que cobram impostos e não trazem nenhum beneficio. No caso do nosso curso, com essa regulamentação, abre-se a possibilidade de acabar com os educadores populares, exigindo diploma de quem não tem ao invés de se criarem mais cursos de graduação.
Encontros de área e a luta dos estudantes de pedagogia
O curso de pedagogia é composto em sua maioria por mulheres de origem proletária, que muitas vezes trabalham, estudam e sustentam uma casa, tendo em diversos casos uma jornada diária dupla ou até mesmo tripla. A maioria das faculdades não tem creches, nem berçários que venham a atender as necessidades das estudantes que são também mães. Esse é o perfil do estudante de pedagogia, estudante do povo, que como tal deve primar que o encontro possa discutir as necessidades dos estudantes da classe trabalhadora, o que passa pelas discussões também acerca da assistência estudantil.
Em 2010 ocorrerão por todo o Brasil encontros nacionais de estudantes de diversos cursos, conhecidos como encontro de área, esses encontros são extremamente importantes na perspectiva de organizar os estudantes por suas problemáticas de curso. Muito mais do que discutir questões acadêmicas, o encontro tem como objetivo organizar os estudantes por suas especificidades de curso, mas também debater a importância do seu curso para a sociedade.
Mas infelizmente a grande maioria dos encontros por área, refletindo a triste realidade do movimento estudantil nacional, acabou por se tornar grandes espaços festivos completamente despolitizados. Tudo o que quer uma juventude atrelada ao governo (UNE). Essa entidade já recebeu mais de 10 milhões do governo Lula/PT, e cumpre o vergonhoso papel de defensor das reformas neoliberais do governo dentro do Movimento Estudantil, servindo como uma verdadeira correia de transmissão dos interesses do governo e contra os estudantes.
É necessário que o ENEPe seja um encontro que vise armar os estudantes de pedagogia para todas as problemáticas acima mencionados, combatendo as reformas neoliberais do governo Lula/PT para a educação, bem como a formação de um pedagogo comprometido com a classe trabalhadora e auxiliar em toda a organização da luta de classes. Organizando encontros em caráter de congresso, que possam ser deliberativos a partir da base e que tenham espaços democráticos de discussão como defesa de teses.
Construir uma Plenária de estudantes combativos
Nós da Rede Estudantil Classista e Combativa (RECC), entendemos que no capitalismo a sociedade é dividida em classes, entre exploradores e explorados, trabalhadores e burgueses. Entendemos que nessa sociedade não há meio termo. E os estudantes que são uma fração da classe trabalhadora, como os estudantes de pedagogia, devem defender os interesses da classe trabalhadora, estando com ela nas lutas e por suas reivindicações históricas. O estudantado de pedagogia tem assim um compromisso com a luta de classes.
Nesse sentido convocamos a todos os estudantes de pedagogia, comprometidos com a causa do povo, a participarem de uma plenária da RECC no ENEPe, para organizamos os estudantes combativos em um pólo que possa lutar contra a influência do governismo da UNE no movimento estudantil, suas reformas neoliberais, bem como a influência do para-governismo (PSOL/PSTU) que destrói a luta da classe com uma política eleitoreira e reformista.
POR UMA EDUCAÇÃO A SERVIÇO DA CLASSE TRABALHADORA! POR UMA PEDAGOGIA QUE SIRVA AO POVO!
CONSTRUIR NA PEDAGOGIA UM MOVIMENTO ESTUDANTIL CLASSISTA E COMBATIVO PELA BASE!
ROMPER COM O GOVERNISMO E COM O OPORTUNISMO!
ABAIXO A UNE TRAIDORA DOS ESTUDANTES!
VIVA A LUTA DOS ESTUDANTES E TRABALHADORES!
sexta-feira, 25 de junho de 2010
Reunião da RECC-CE
REUNIÃO DA RECC-CE Sábado (26/06), às 09hUECE - Campus do Itapery (ponto de encontro no "Elefante Branco")
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Comunicado Nacional da RECC Nº02 - Manifesto aos Congressos da Conlutas e Conclat
domingo, 16 de maio de 2010
Em Defesa de uma Central de Classe (Tese ao CONCLAT)
Introdução
1 – Estrutura e dinâmica do capitalismo contemporâneo: a conjuntura internacional.
É preciso fazer uma discussão teórica preliminar sobre a atual configuração do capitalismo. E essa configuração é fruto da transformação de um modelo capitalista anterior, provocada pela sua crise interna e pela resistência da classe trabalhadora.
b) difundiu uma onda de reformas neoliberais em governos pelo mundo, que cortaram os já reduzidos direitos trabalhistas e previdenciários existentes;
c) aumentou a exploração e comprimiu os salários em setores que antes eram protegidos (como determinadas categorias do serviço público);
d) aumentou a força dos bancos e do capital financeiro que passaram a comandar as políticas econômicas em escala global.
e) acentuou a concentração de capitais, formando-se ultra-monopólios em escala global, as grandes corporações.
2. Conjuntura Nacional: cenários estratégicos da luta de classes no Brasil e perspectivas para os próximos anos
O ano de 2010 apresenta uma nova conjuntura. As condições econômicas e políticas com as quais Lula encerra seu mandato presidencial são completamente diferentes de quando o PT assumiu presidência pela primeira vez.
Certas mudanças nas condições econômicas internacionais podem fazer cair por terra esse edifício aparentemente sólido. Em primeiro lugar, a evolução da crise econômica mundial é um elemento fundamental. Caso a recessão econômica nos países centrais não seja superada (e vários elementos indicam que não será), e caso alguma outra região (no caso, a Ásia) não consiga formar alguma outra bolha especulativa para fazer girar o processo de acumulação em escala mundial, dificilmente os instrumentos “expansivos” e o poder de um futuro Governo Dilma Roussef para combater os efeitos da crise irão se manter.
Num cenário como esse, o bloco governista PT/PCdoB e CUT/CTB irão, assim, ver-se diante de um problema: sustentar o governo Dilma Roussef, só que aí, não mais com o discurso e políticas floreadas de “desenvolvimentistas e progressistas”, mas sim coordenando um novo ataque contra os trabalhadores e uma nova reestruturação do capital no Brasil.
3. O projeto de construção de uma central de classe: as contradições em meio à reestruturação do capitalismo (Concepção, estrutura, estratégia e programa).
3.1 A degeneração da CUT e das centrais oficialistas/condições objetivas e subjetivas:
As reformas neoliberais implementadas no início do Governo Lula desencadearam um processo de crise de legitimidade da CUT e do PT. A eliminação dos direitos o ataque contra os sindicatos e trabalhadores, especialmente do serviço público ajudaram a desmascarar o caráter de classe do Governo Lula para parcelas significativas de trabalhadores. Foi criado um sentimento de indignação frente à “traição” que se manifestava.
Elementos concretos mostravam que o Governo estava implementando reformas neoliberais que contrariavam parte do seu discurso anterior. Ficou claro que a CUT estava cumprindo o papel de correia de transmissão do Governo Lula e do Estado. Que não representava mais os trabalhadores e nem encaminharia suas lutas. Estavam dadas as condições objetivas e subjetivas para o início de um processo de ruptura com o peleguismo da CUT e demais centrais.
3.2 A formação da CONLUTAS: os ziguezagues políticos e erros táticos.
Em 2006 a CONLUTAS foi fundada. Naquela conjuntura, havia clareza da degeneração da CUT. Mas nem todos os setores optaram pela ruptura. Eles ainda tinham (e tem) vínculos ideológicos e organizativos com o próprio governismo. Isso se expressou na duplicidade de posições ante a CUT. Um setor não defendia a ruptura com a CUT num primeiro momento e sempre foi ambíguo nessa tarefa e constituiu a Intersindical.
3.3 Uma central de novo tipo e sua política de construção.
A CONLUTAS representou um ensaio na construção de uma central de classe. Agora nossa principal tarefa é garantir que nossa central se torne de fato uma central sindical e popular, que reúna e organize o conjunto da classe trabalhadora.
Do mesmo modo, somos contrários à construção de uma central sindical que permita a filiação do movimento estudantil e popular. Porque essa formulação muda o caráter sindical e popular e estabelece a formulação de uma central sindical que concede a filiação aos demais setores da classe trabalhadora. Na prática, essa formulação não passa de um “favor” que os sindicatos concedem aos estudantes e aos movimentos populares e sociais.
Assinam essa tese:
Everardo Cantarino – SINDSCOPE.
Romulo Castro – SINDSCOPE.
Selmo Nascimento – SINDSCOPE.
Sergio Muniz – Oposição Petroleira/GLP.
Augusto Rosa – Base do SEPE.
Caroline Bordalo – Base do SEPE.
Carla Bianca – Base do SEPE.
João Carlos Ramos – Base do Sinttel-RJ.
Andrey Cordeiro Ferreira – Base do ANDES.