QUEM TEM MEDO DO POVO? ORGANIZAR A JUVENTUDE
FAVELADA DE FORTALEZA!
Eu não vou, fazer do sofrimento mentira
Gozar o sucesso das rádios cantando pornografia
Meu rap não vai ser trilha sonora pros boy
Vai ser revolução pra quem não tem voz
Aqui os milhão não corrompe o objetivo é um só
Vê favelado assinando diploma e não B.O.
Quem é que vai cantar a dor que nóis sente?
Quem é que vai sangrar na linha de frente?
Quem é que vai somar fortalecer a corrente?
Se não for nóis por nóis quem é que vai ser pela gente?
Gozar o sucesso das rádios cantando pornografia
Meu rap não vai ser trilha sonora pros boy
Vai ser revolução pra quem não tem voz
Aqui os milhão não corrompe o objetivo é um só
Vê favelado assinando diploma e não B.O.
Quem é que vai cantar a dor que nóis sente?
Quem é que vai sangrar na linha de frente?
Quem é que vai somar fortalecer a corrente?
Se não for nóis por nóis quem é que vai ser pela gente?
Facção Central –
Nós por Nós
A FAVELA NA LUTA
No levante de Junho do ano passado novos
atores entraram em cena. A juventude marginalizada foi protagonista de um
processo que marcou o início de um novo ciclo de lutas no Brasil. O principal
elemento é que esse setor, em boa parte de favela, como na batalha da serrinha,
rompeu o cerco dos atos pacifistas do reformismo.
Do ano passado para cá, esse ciclo permaneceu
entre fluxos e refluxos e foi incorporado a luta de diversas categorias
integradas, que se utilizando dos métodos combativos da juventude
proletarizada, combateu a burguesia e as direções pelegas (foi sintomática a
greve da Comperj que tocou fogo no carro de som do próprio sindicato traidor).
Esse novo ciclo combativa da luta de classes,
deixou os reformistas (governistas e para-governistas) atônitos, que não
dirigindo a luta popular que se iniciava recorreram ora a calunias (de que o
movimento era de “direita”) ora a criminalização “chega de Black Blocs”.
Nesse
cenário de lutas por fora da esfera reformista, estruturas mais flexíveis
coordenaram as lutas, em São Paulo o MPL, no Rio a FIP, em Goiás o Fórum contra
o aumento de Passagem, e em Fortaleza não foi diferente, pois o espaço mais
importante de mobilização dos estudantes relacionados a mobilidade urbana foi o
Fórum Permanente Pelo Passe Livre/FPL.
Fortaleza é a sétima cidade mais violenta do
mundo, a segunda mais violenta do Brasil e a cidade mais violenta dentre as
cidades-sedes da Copa do Mundo. É também a quinta cidade mais desigual do
planeta. Nossa capital, segundo dados do IBGE, possui quase 400.000 pessoas
vivendo em favelas. O crescimento exponencial da violência, das favelas e da
densidade demográfica em Fortaleza é um fato ainda muito recente, e é preciso
uma análise detida para compreender esses novos fenômenos, afim de que não
caiamos em avaliações apressadas e preconceituosas.
É a partir desse cenário de 1) Protagonismo da
luta da juventude marginalizada em manifestações de rua no Brasil; 2) Consolidação
de espaços flexíveis de lutas populares; 3) Miséria absoluta e cultura da
violência generalizada, que devemos compreender a inserção de favelados nas
fileiras de lutas estudantis, que muitas vezes lhe era estranha por ter um
enfoque pequeno burguês, e suas contradições.
Dentro desse processo contraditório, nós da
RECC acreditamos ser impossível assegurar o Passe Livre estudantil sem a
profunda inserção dos setores mais explorados e coagidos da sociedade: a
juventude pobre/negra e semi-escolarizada das favelas dos grandes centros
urbanos. Entretanto, é evidente, somos contra as práticas de roubos/furtos
dentro de manifestações políticas, mas não podemos criminalizar a priori, e sim
procurar compreender, e resolver, essas contradições através do trabalho de
base e da formação política.
O QUE FAZER?!
O protagonismo desse setor e esses novos
elementos ainda são recentes, de tal modo que se por um lado estamos desbancando
o modus operandi de manifestação burocrática-reformista, que não tem impacto
nenhum na sociedade, por outro, ainda estamos construindo, com acertos e erros,
uma nova cultura de mobilização de rua.
Historicamente a esquerda tradicional
desprezou a camada mais pauperizada do povo, denominando-a de lúpem e
desconsiderando o seu potencial político. Na atual conjuntura de Fortaleza,
como demonstramos, é impossível pensar uma grande mobilização sem a aglutinação
desse setor.
É preciso ir além da participação desse setor
nos atos políticos, é preciso se organizar, estimular a politização das
torcidas organizadas, a organização por bairro/região/favela. Somente
trabalhando a solidariedade, união e organização dos setores explorados podemos
juntos enfrentar o Capital/Estado.
O Fórum Permanente Pelo Passe Livre/FPL é um
espaço que a RECC, junto com outros setores, ajudou a formar há mais de um ano.
Impulsionando Comitês pelo Passe Livre em escolas, cursos universitários
públicos, particulares e em bairros. É preciso que organizemos Comitês nas
favelas, torcidas organizadas e demais setores populares, essa é a única saída
para enfrentarmos a despolitização e disseminar o sentido político das
manifestações.
UM DCE LARANJA E
AMARELO
Entretanto vários problemas se apresentam no
processo de organização das bases e consequentemente do trabalho de consciência
e formação da juventude marginalizada das favelas.
Há de se destacar que apesar do Fórum Permanente
Pelo Passe Livre ser o organismo central de mobilização das lutas pelo Passe Livre
em Fortaleza, apenas a a RECC e a pequena corrente trotskista do POR, em
conjunto com valorosos estudantes independentes constroem o Fórum.
Mas, nos dias dos atos aparecem várias
entidades, em especial o DCE-UFC (Anel, Rua), e de laranja, ou amarelo,
projetam-se como organizadoras do ato se colocando inclusive como direção dos
mesmos, sem nenhum processo de mobilizações nas escolas e universidades.
O oportunismo atrapalha aqueles que sistematicamente
fazem o trabalho de base, principalmente nas escolas e secundariamente nas
universidades, até porque, contraditoriamente, o reformismo do DCE-UFC, apesar
de compor os atos do Fórum, constrói ao mesmo tempo uma campanha de difamação
do mesmo ao invés de procurar disputar sua política internamente. Esse processo
de boicote ativo mina nossa mobilização, incutindo que esse setor, possível
aliado, converte-se, esporadicamente em um entrave na luta dos estudantes e na
mobilização popular.
Nós da Oposição Classista e Combativa ao
DCE-UFC, compreendemos que é fundamental mobilizar os estudantes da nossa
Universidade, construir mais comitês do Passe Livre, como na Pedagogia,
realizar plenárias e assembleias para debatermos o problema do transporte
público na UFC, o que não ocorre.
Mas a construção dessa mobilização na UFC
incita a construção de outros organismos de bases em outros campos, como a
construção dos Comitês pelo Passe Livre nas favelas, impulsionando à
auto-organização dos favelados. É com esse intuito que a OCC convoca a
construção de uma plenária para discutir o Passe Livre na UFC.
SEM PASSE LIVRE, NÃO VAI TER COPA!
PASSE-LIVRE OU
REBELIÃO!
IR AO COMBATE
SEM TEMER OUSAR LUTAR OUSAR VENCER!
NÃO É NADA MAL,
PARAR A COPA COM GREVE GERAL!
CONVIDAMOS
TODOS OS ESTUDANTES À PLENÁRIA:
FORTALECER
A LUTA PELO PASSE LIVRE NA UFC
30
DE MAIO ÀS 17H NO CH2 – PÁTIO DA HISTÓRIA